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A beleza da Caatinga após caírem as primeiras chuvas
Quando chove, no início do ano, a paisagem muda muito rapidamente. As árvores cobrem-se de folhas e o solo fica forrado de pequenas plantas. A fauna volta a mostrar a vida
A palavra Caatinga, de origem tupi, significa mata branca. A razão para esta denominação reside no fato de apresentar-se a Caatinga verde somente no inverno, a época das chuvas, de curta duração. No restante do ano a Caatinga, inteiramente, ou parcialmente, sem folhas, apresenta-se clara; a vista penetra sem dificuldade até grande distância, perscrutando os caules esbranquiçados que na ausência da folhagem dão o tom claro a essa vegetação. É esse aspecto claro o que mais perdura, pois a seca persiste por muito mais tempo; em certas ocasiões pode prolongar-se por nove meses ou mais, e, em alguns casos, nada chove durante anos sucessivos (EMPRAPA, 2002).
O aspecto agressivo da vegetação contrasta com o colorido diversificado das flores emergentes no período das chuvas, cujo índice pluviométrico varia entre 500 e 800 milímetros anualmente. A temperatura média anual é de 25ºC a 35ºC, forte insolação acima de 2.800 horas de luz solar, ano e elevadas taxas de evaporação e evapotranspiração.
O período seco inicia em agosto e a temperatura do solo pode chegar a 60ºC. Na longa estiagem, os sertões são, muitas vezes, semi-desertos e nublados, mas sem chuva. Além dessas condições climáticas rigorosas, a região das Caatingas está submetida a ventos fortes e secos, que contribuem para a aridez da paisagem nos meses de seca (VARELA-FREIRE, 2003).
A vegetação da Caatinga adaptou-se ao clima seco para se proteger, tais como folhas transformadas em espinhos, cutículas altamente impermeáveis, caules suculentos etc. Todas essas adaptações lhes conferem um aspecto característico denominado xeromorfismo (do grego xeros, seco, e morphos, forma, aspecto).
Outras adaptações à vida das plantas nas Caatingas são a queda das folhas na estação seca e a presença de sistemas de raízes bem desenvolvidos. A perda das folhas é uma adaptação para reduzir a perda de água por transpiração. Algumas plantas armazenam água, como os cactos, outras se caracterizam por terem raízes praticamente na superfície do solo para absorver o máximo da chuva.
No meio de tanta aridez, a Caatinga surpreende com suas “ilhas de umidade” e solos férteis. São os chamados brejos, que quebram a monotonia das condições físicas e geológicas dos sertões. Nessas ilhas é possível produzir quase todos os alimentos e frutas peculiares aos trópicos do mundo. Essas áreas normalmente localizam-se próximas às serras, onde a abundância de chuvas é maior.
Quando chove, no início do ano, a paisagem muda muito rapidamente. As árvores cobrem-se de folhas e o solo fica forrado de pequenas plantas. A fauna volta a engordar. Mesmo quando chove, o solo raso e pedregoso não consegue armazenar a água que cai e a temperatura elevada provoca intensa evaporação. Por isso, somente em algumas áreas próximas às serras, onde a abundância de chuvas é maior, a agricultura se torna possível.
Cerca de 20 milhões de brasileiros vivem na região coberta pela Caatinga, em quase 800 mil km2 de área. Quando não chove, o homem do sertão e sua família precisam caminhar quilômetros em busca da água dos açudes. A irregularidade climática é um dos fatores que mais interferem na vida do sertanejo.
Texto retirado da Monografia “A flora e a fauna da Caatinga como instrumentos pedagógicos” escrita por Anselmo Santana e Francisco Pedro e orientada pelo professor Renato Rocha da UFRN/Ceres?Campus Caicó