A história está aí para ratificar que, nos países em que a imprensa combativa foi calada, os cidadãos foram os maiores prejudicados. Além de serem manipulados por ditadores, corruptos, mal-intencionados, perderam direitos básicos, como o de expressarem livremente seus pensamentos. Mais: os que se rebelaram foram presos, torturados e, em muitos casos, mortos. O Brasil viveu nessa escuridão por mais de duas décadas.
A morte de Boechat e o trabalho deixado por ele devem servir de apoio — e inspiração — para aqueles que, diariamente, sofrem as dores do compromisso com a verdade. Movimentos como os observados nas redes sociais, que tentam desqualificar a mídia, só interessam aos que têm algo a esconder. Basta a divulgação de algum malfeito para que o acusado tente se proteger sob o discurso de que é perseguido injustamente por jornalistas.
Há poucos dias, o Brasil se viu diante de um fato preocupante. Sem alarde, o governo ampliou o número de servidores que podem decidir, de acordo com seu critério particular, quais informações devem ser mantidas em sigilo e por quanto tempo. Essa decisão enfraqueceu um dos instrumentos mais importantes usados pelos jornalistas, a Lei de Acesso à Informação, para revelar irregularidades que o Poder Público insiste em manter debaixo do tapete.
Não se pode negar que, na ânsia de informar, jornalistas cometem erros. Mas, na maioria das vezes, a imprensa, com todo o cuidado que lhe é característico, tem feito um trabalho relevante para desnudar a malversação de dinheiro público. Muitas vezes, é a insistência do jornalista que obriga as autoridades a saírem da zona de conforto para investigar e punir os culpados, seja qual for o crime cometido.
Jornalistas sérios e comprometidos com a verdade ganham relevância ainda maior ante a ameaça das fake news, uma praga que deve ser combatida com todas as forças. Cidadãos bem informados ampliam e enriquecem o debate. São fundamentais para que os rumos de um país não sejam bloqueados pela intolerância, pelo desrespeito, pela opressão, pela corrupção. Quanto melhores forem os jornalistas no exercício diário da profissão, menores serão os riscos de a população ser enganada. E mais fortes serão os instrumentos de combate daqueles que não se rendem à censura e ao poder econômico.