As pessoas vêem e sentem o mundo de formas diferentes. Cada um “filtra” o dia-a-dia da sua maneira e constrói diferentes realidades. Cada um possui preconceitos, medos, interesses pessoais que mudam a forma como entendemos e interpretamos as coisas. Duas pessoas que estão lado a lado vendo um mesmo fato podem não contar a mesma história. A melhor forma de contar uma história é assistindo-a pessoalmente. Se for impossível isso, deve-se ouvir o maior possível de pessoas que viram ou participaram do fato. Cada um vai dar sua versão, recheada de opiniões pessoais. Cada um vai contribuir com a reconstrução de uma realidade que passou.
Com a sobreposição de versões é possível montar um retrato aproximado do fato. Quanto mais versões ouvidas, mais completo será o retrato. Veículos de comunicação não são imparciais ou independentes. Pertencentes a empresas, a governos ou entidades da sociedade civil, eles têm opiniões e interesses. O que não é ruim – ruim é esconder isso do leitor.
Mesmo tendo o seu alinhamento, muitas empresas de mídia em Petrolina e Juazeiro recomendam que seus empregados evitem alinhamento evitem alinhamento público com um dos lados de uma questão. Exigem uma atitude “profissional”. Porém, se a imparcialidade é impossível, não seria melhor ser sincero com o leitor e revelar seu lado?
Nós do blog a língua sempre tentamos ouvir ao máximo os dois lados, ainda que o outro lado não nos queira ouvir. Por isso, falo com todas as letras: não existe em Petrolina e Juazeiro, observadores independentes! Sei que há colegas de profissão que discordam, que dizem que é necessário buscar uma pretensa imparcialidade. O que só seria possível se nos despíssemos de toda a humanidade.
Tomar partido não significa distorcer os fatos, pelo contrário, é trazer o que historicamente é jogado para baixo do tapete, agindo conscientemente no sentido de contrabalancear junto à opinião pública o peso dos lados envolvidos na questão. Distorcer é má fé, preguiça ou incompetência – coisa que muito jornalista petrolinense e juazeirense que se diz imparcial faz aos montes, aplaudido por quem manda.
Não é de hoje que colegas que atuam na área de blogs e colunas sociais arrancam os cabelos ao contar histórias de gente do jabá que, em troca de mordomias, produtos ou do velho e bom dindim, elevam esterco à categoria . Há quem faça qualquer negócio – até porque não se preocupa com o interesse público, mas com sua imagem e conta bancária. Vender, contudo, produto publicitário como jornalístico para tentar se valer da suposta credibilidade da profissão é o fim da picada, o ó do borogodó, a xepa.
Descontados os casos de falta de ética crônica de colegas que se dizem independentes mas que trabalham a soldo de governos e partidos , alugando o seu ponto de vista. Colunistas sociais que ganham mimos. Anúncios com cara de reportagem feitos por jornalistas têm sido cada vez mais comuns.
Tem muita gente vendida em Petrolina e Juazeiro? Sim, claro!. Na verdade estamos vivendo na pele o “cada um por si e Deus por todos”, isso é extremamente desesperador.
Com Sakamoto