O jeito de fazer campanha política vai mudar nas eleições municipais de 2020 e nas estaduais e para presidente em 2022. O desempenho de alguns candidatos no atual pleito mostra que posicionamentos quase diários e manifestações nas redes sociais a longo prazo asseguraram maior consolidação em relação a postulantes que apostaram em candidaturas a curto prazo no modelo tradicional. Para especialistas em marketing político, não restam dúvidas de que somente nome, experiência na política, minutos de televisão no horário eleitoral gratuito e até mesmo estrutura partidária não bastam mais.
A aposta nas redes sociais para se expor e dialogar com os eleitores ao longo dos últimos quatro anos permeou os diferentes espectros políticos. Diversos candidatos no País,construíram a campanha na internet e se elegeram deputadas federais com expressivas votações. Um exemplo claro dessa aposta foi o Deputados Kim Kataguiri (DEM-SP), um dos líderes do MBL, eleito com 460 mil votos.
O maior expoente do novo jeito de construir uma candidatura é o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL). Com retórica conservadora mesclada a discursos antipetistas, aglutinou em torno de si a promessa de soluções para diferentes insatisfações da sociedade. Nos últimos anos, usou as redes sociais como canais para dialogar com os eleitores e, assim, consolidar uma campanha orgânica. Ou seja, colocar as pessoas para fazerem o “boca a boca” por ele. O suficiente para, com apenas oito segundos nas propagandas de rádio e TV, superar os cinco minutos de Geraldo Alckmin (PSDB) na disputa pelos votos da direita.
Quanto mais cedo colocam as posições nas redes e as mantêm, mais eleitores vão passar a abraçar a causa, não voltar atrás e fazer campanha pelo próprio candidato, explica o presidente do Clube Associativo de Profissionais de Marketing Político (Camp), Bruno Hoffmann.
“A TV ajuda a pautar o debate e a iniciar o diálogo, mas é nas mídias e nos aplicativos de mensagem instantânea que o processo de decisão do voto acontece. Principalmente se o conteúdo que quer divulgar e estiver disponível for de fácil acesso”, sustenta.
Os candidatos nas próximas eleições devem entender, no entanto, que não basta estar nas redes sociais. Mais do que se posicionar diuturnamente, o candidato deverá ser enfático e não fugir de temas polêmicos, defende Hoffmann. “Não adianta uma liderança política sem expressão que não opina, não se coloca, não é polêmica em certas questões, que realmente debate e confronta”, destaca. O insucesso de Marina Silva (Rede) nestas eleições, que obteve apenas 1% dos votos válidos, é um exemplo disso. “Nos últimos quatro anos, continuou fazendo o que faz. Deu palestras, mas sem muita exposição. Evitou dar opiniões contundentes em temas polêmicos, como o impeachment. Como resultado, minguou e perdeu espaço.”
A lição foi absorvida por Henrique Meirelles (MDB), que iniciou campanha somente em agosto do ano passado. Com apenas 1,2% dos votos válidos na disputa pela Presidência da República, ele afirmou, nos últimos dias, o interesse em criar um canal digital para expor em vídeos pensamentos e ideias sobre o país.
Para Maurício Brusadin, professor de comunicação pública digital da e PoliticScholl, é uma decisão correta. “Quem quiser fazer política, liderar, ter voto, vai ter que se expor. Abrir seu canal no YouTube, uma fan page, ou ter um canal de WhatsApp para dialogar. O povo quer participar e falar sobre política”, ponderou.
Quem, novamente, construir uma campanha a curto prazo pode acabar tendo um desempenho ruim em 2020 e 2022, defende Brusadin. “Ou se adequam e manifestam suas posições diuturnamente por meio dos canais possíveis, ou ficarão para trás”, pondera. Para ele, os candidatos deverão apresentar soluções e posturas firmes. “Se serão boas ou ruins, é outra história. É algo da democracia. Com todos os problemas que acho que temos pela frente, ter mais gente participando e usando suas redes, mesmo que de forma histérica, é melhor, pois traz aprendizado”, avalia.
Desafios
Se, por um lado, as redes sociais garantem renovação e exposição de ideias e propostas, por outro lado, impõem desafios para as próximas eleições. O presidente nacional do PSol, Juliano Medeiros, admite que as mídias cumpriram um papel importante para garantir a renovação política, mas alerta que também se tornaram um terreno de disseminação de inverdades e mentiras.
“Percebemos o papel renovador através da ação de vários ativistas do partido que são influentes nas redes. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, principalmente. Mas a disseminação de fake news, mentiras e destruição de reputações nos preocupa”, destaca.
O principal desafio para as próximas eleições é como pensar em regras e instrumentos que não censurem, mas deem garantias de controle para que crimes não sejam cometidos no processo eleitoral. Por esse motivo, Medeiros defende uma regulamentação mais clara do uso das redes. “Precisamos de uma regulamentação não para controlar a liberdade de expressão, mas para garantir a transparência e predomínio da verdade no processo eleitoral. Por isso estamos acionando o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para tomar medidas cabíveis desde já”, afirma.
“Precisamos de uma regulamentação, não para controlar a liberdade de expressão, mas para garantir a transparência”
Juliano Medeiros, presidente do PSol
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