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“CAMINHOS DA POLÍTICA”: Entrevista com Coronel Anselmo Bispo

O slogan “Juazeiro daqui pra frente” e a frase “vamos derrotar a velha política” foram as expressões mais repetidas em sua campanha

Na série especial de entrevistas “CAMINHOS DA POLÍTICA”, nosso convidado desta edição é o Coronel da Polícia Militar do Estado da Bahia, Anselmo Bispo, que nas últimas eleições concorreu ao cargo de prefeito da cidade de Juazeiro, tendo ficado em terceiro lugar. O Caderno de Política conversou com ele sobre sua participação no processo, passando pela escolha do seu nome, a campanha, pesquisas, resultado e outros assuntos. Veja a entrevista completa a seguir:

CADERNO – senhor é um militar de carreira, mas é também é um cidadão e é perfeitamente natural que participe do processo político da cidade, mas nunca o fez em outros momentos, nunca se lançou candidato, mas nestas eleições lançou-se direto em uma candidatura majoritária. O que o levou a querer ser prefeito de Juazeiro?

AB – Sou filho de Juazeiro e estava descontente com a administração atual, caótica, como também com a falta de governos com uma visão de futuro, histórico em Juazeiro, onde a organização e o crescimento do município, não são planejados a médio e longo prazos. Enfim, estava insatisfeito com a total ausência de um planejamento estruturante, da geração de emprego e renda, da transparência administrativa, do respeito ao cidadão, etc. Foi por isso e para mudar essa realidade, o que me levou a me colocar a disposição do povo de Juazeiro.

CADERNO – O senhor enfrentou em seu partido uma disputa interna com John Khoury e Kalber Fernandes, mas seu nome tinha a simpatia do deputado federal Elmar Nascimento, e o DEM acabou oficializando seu nome como pré-candidato, declarando que tal decisão teria sido consensual com os outros dois concorrentes, entretanto, logo após a decisão, ambos declararam apoio ao grupo de Suzana Ramos, dando a entender que a escolha não teve nada de consensual e que seu nome teria sido uma imposição do deputado Elmar Nascimento. O que houve?

AB – Quando nos apresentamos como pré candidatos, nos submetemos a regra que estabelecia a escolha por uma pesquisa que seria encomendada pelo partido, onde o melhor colocado seria o candidato e por consequência, os demais estariam apoiando a candidatura do partido, acho que isso é até óbvio. O Deputado Elmar Nascimento não teve nenhuma influência na nossa escolha, que foi baseada em pesquisas feitas pelo partido, sob a liderança do prefeito ACM Neto, pesquisas essas para consumo interno. Eu posso afirmar que, caso não fosse o escolhido, estaria caminhando com o candidato do partido. Costumo cumprir com minha palavra.

CADERNO – O senhor é um brilhante servidor de alta patente da força policial militar, e Targino Gondin, que foi seu vice, um músico de prestígio nacional, dois nomes sem vícios políticos entretanto, ambos não trazem na bagagem a densidade politico-eleitoral ou experiência, que pesam bastante nesses processos. O senhor acha que isso acabou pesando para que o resultado não fosse melhor?

AB – Não entendo que esse tenha sido o principal motivo, apesar de entender que deve ter também influenciado no nosso insucesso. Porém, na minha análise, o principal motivo foi a alta rejeição a atual gestão, ao grupo que governou Juazeiro nos últimos doze anos, que levou o povo a votar em que as pesquisas mostravam na dianteira do processo eleitoral.

CADERNO – O slogan “Juazeiro daqui pra frente” e a frase “vamos derrotar a velha política” foram as expressões mais repetidas em sua campanha. O senhor e seu vice não são “velhos políticos”, mas a dinâmica da política da qual o seu partido e os da coligação fizeram parte é a mesma. Como o senhor pretendia implantar um novo pensamento na prática política contemporânea sem entrar em rota de colisão com as siglas que defendiam sua candidatura?

AB – Todas as conversações com os partidos que apoiaram nossa candidatura, foram baseadas em propostas e projetos de gestão moderna, técnica, sem vícios ou práticas que pudessem prejudicar o município, o bem estar do povo.

Não tivemos nenhuma negociação de cargos ou espaços pré-definidos, porém tínhamos a garantia que iríamos governar com quem conosco caminhou e os partidos teriam o seu espaço e valor, dentro de uma linha de gestão para o povo e não para pessoas ou grupos políticos.

CADERNO – Durante a campanha, todas as pesquisas apontavam a então candidata Suzana Ramos liderando com larga vantagem, entretanto, todas eram contestadas, tanto pela sua coligação, quanto pelas demais, em algum momento sob a alegação de que eram fraudulentas, apesar de registradas, em outros momentos, de que aqueles números não representavam a vontade das ruas, mas não houve até o final da campanha nenhuma outra pesquisa que revelasse esta mesma “vontade das ruas”, e no final das contas, as pesquisas divulgadas não apenas se confirmaram como superaram os números. Como o senhor avalia isso?

AB – O nosso sentimento nas ruas não eram o que as pesquisas diziam, tanto que, ao final, os nossos números foram praticamente o dobro do que essas pesquisas diziam. Isso mostra que as pesquisas foram feitas para induzir ao povo sobre a necessidade do chamado “voto útil”, a fim de destronar o grupo atual, sendo inclusive tema de programa eleitoral da candidata vencedora.

CADERNO – Apesar de não ter vencido o senhor sai dessas eleições com uma votação expressiva, ficando em terceiro lugar, logo atrás do prefeito, e escreve seu nome entre as lideranças políticas da cidade, e sendo assim, já dá pra sinalizar a trilha que vai seguir? Vai integrar o bloco de oposição ao novo governo? É possível avistar 2022?

AB – Eu fiz a opção de entrar na vida pública e lutar politicamente por minha terra. Serei oposição ao novo governo, mas em momento algum serei um fator para tumultuar a gestão, até porque isso é uma prática da velha política que tanto combati, porém serei uma oposição firme, atenta, vigilante, mas propositiva. Quando apresentar a crítica, apresentarei a proposta para a possível solução. Também continuarei buscando investimentos, para melhorar o bem estar do nosso povo. Quanto a 2022, estaremos envolvidos no processo eleitoral, só definiremos juntos, com o nosso grupo e o sentimento do povo de Juazeiro, qual o nosso papel no instante.

CADERNO – O Caderno de Política acompanhou a movimentação de todos os candidatos em Juazeiro e Petrolina, e não há como não notar acontecimentos extra-campanha, relacionados com eles. No seu caso, em plena pandemia e um processo eleitoral o senhor registrou dois momentos e dois sentimentos diferentes, ganhou uma neta e perdeu sua mãe. Esses dois acontecimentos de alguma forma provocaram alguma reflexão sobre a vida, família, processo político? O Anselmo Bispo, agora político-partidário segue em frente na militância?

AB – Realmente foram dois momentos com sentimentos distintos, antagônicos. O nascimento da minha neta me trouxe um sentimento de complemento, de renovação da vida, de extrema alegria. A partida da minha mãe me trouxe um sentimento de vazio, de muita dor. No entanto, os dois acontecimentos convergem para me estimularem a continuar lutando por um Mundo melhor, mais justo, com a verdade sendo o principal combustível. Lutando por isso, eu estou respeitando a história de lutas de minha mãe, a sua memória, a sua vida de mulher digna, respeitadora e honesta, bem como estarei lutando por um Mundo melhor para minha neta viver,  por isso, continuaremos firmes e convictos, na liderança da militância que acredita no nosso projeto.

Da redação Caderno de Política

 

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