Ópera bufa: Codevasf e Fernando Bezerra em quatro atos

O Ex-aliado de Lula, Dilma e de Temer, frequentador do noticiário, da operação lava jato, eleitor declarado de Renan Calheiros, o homem por trás das assinaturas, nas cédulas da eleição do Senado, que, nas frentes das câmeras de todas televisões, invalidou um dos escrutínios da eleição para Presidente do Senado, poderá se tornar o representante do Bolsonarismo no estado Pernambuco.

O impoluto Senador Fernando Bezerra Coelho, FBC, deverá assumir a liderança do Governo no Congresso Nacional. Com uma imensa dose de astúcia e senso de oportunismo, o Senador terá a clava em sua mão para de uma única vez, neutralizar o PSL em Pernambuco, colocando no mesmo bolso Luciano Bivar e o seu mais ferrenho opositor, o vereador Gabriel Menezes. Será um soco digno de UFC nos eleitores de Bolsonaro.

Admitindo- se que o fato realmente ocorra, um dos reflexos será a manutenção da indicação do comando Codevasf em Petrolina. Um verdadeiro checkmate nas eleições de 2020, além de uma alento de esperança para o acalentado sonho do governo de Pernambuco em 2022.

Como já foi dito, a Codevasf funciona como uma prefeitura paralela, além de ser uma importante ferramenta para as estratégias eleitorais do grupo. Será valioso para FBC manter a indicação do atual superintendente, mesmo que o restante da bancada política do Estado o considere um desastre.

A atual indicação é somente do grupo FBC, servindo unicamente aos préstimos da família Coelho. A instituição funciona como um comitê eleitoral permanente, uma subsecretaria política. Enquanto isso a população do Estado assiste, desde julho de 2016, um arremedo de gestão, uma condução amadora e incompetente, unicamente voltada para o atendimento das miudezas políticas do grupo. Apesar de cômico, tem sido trágico. Uma verdadeira ópera bufa.

Para quem não sabe, ópera-bufa é o termo usado para descrever a versão italiana da ópera-cômica, extremamente popular na Itália do século XVIII. Dentre as mais conhecidas operas bufas temos o barbeiro de Sevilha do compositor italiano Gioachino Rossin. Geralmente divididas por atos. As operas bufas tratam de assuntos triviais em tramas engenhosas, vivazes e humorísticas.

Tal qual uma opera bufa, a gestão atual da Codevasf pode ser dividia por atos:

Ato I – Un pigmeo nella terra dei giganti

Assumindo em meados de 2016, o atual superintendente teve como primeiro ato, um inédito rateio dos cargos na empresa. Mesmo com a sua notória teimosia e limitada capacidade técnica, preferiu sacrificar a gestão através do rateio dos cargos entre vereadores, assessores, radialistas. Uma forma de minimizar as críticas e barganhar votos para eleição de prefeito. A empresa trabalhou unicamente focada na eleição municipal de Petrolina. A Indicação de terceirizados, criação de contratos emergenciais, doação de máquinas, distribuição de alevinos, renegociação de dívidas e muita promessa foi feita para colocar o Coronelzinho no pedestal municipal. A missão foi realizada. Porém, o restante do Estado foi prejudicado pela mediocridade desse primeiro ano. A Codevasf somente apareceu fora de Petrolina em atos figurativos. Nada de ação concreta.

Ato II – Tutto per la famiglia
O segundo ato é um dos mais emblemáticos para se conhecer a prática, e os métodos do atual Superintendente. O Projeto Pontal, sofreu vários reveses durante sua vida. Um deles foi patrocinado pelo próprio FBC que, quando da sua passagem pelo Ministério da Integração, defendeu veementemente a ocupação através da parceria público privada, a famigerada PPP. Agindo como um camaleão, o próprio Senador voltou atrás, criticando a ideia original e defendendo a ocupação nos moldes previstos na lei de irrigação.

O fato é que em 2017 agricultores que sonhavam em ter os seus lotes familiares realizaram inscrições no processo de seleção. Que devido ao elevado número de pessoas interessadas no projeto, filas intermináveis apareceram em frente da instituição. Pessoas dormiam ou madrugavam para garantir uma senha e ter o direito de participar da seleção dos 336 lotes.

Quando em 15 de maio, a Codevasf divulgou a lista de pré-selecionados, para surpresa de muitos aparecem os nomes da esposa e sogra do Prefeito de Petrolina, além da cunhada do Deputado Federal da família, de assessores políticos e vereadores ligados ao grupo. Eram pessoas que divergiam do perfil dos inscritos, que possuíam situação financeira confortável, lotes, empresas e patrimônio. Imoral e/ou ilegal, a verdade é que nenhuma dessas pessoas deve ter pernoitado na frente a Codevasf para conseguir realizar a sua inscrição. Um ato irresponsável de um louvaminheiro, que poderia ter anulado a licitação e inviabilizado o sonho de muitos.

Ato III – L’insignificante adulatore

Mesmo sem pagar as empresas fornecedoras e com diárias dos funcionários em atraso, foi mandado edificar um busto de Osvaldo Coelho. A estátua  caricata e de gosto duvidoso, passou a adornar a face de um bloco de salas na instituição. O monumento foi inaugurado em pleno período eleitoral. Custou R$ 88 mil reais. Recurso que deve ter feito falta para o pagamento das obrigações pendentes. Essa talvez seja a obra mais significativa da passagem do Superintendente pela instituição. Poderia ser a repetição do segundo ato, mas era apenas mais uma tentativa de dizer “ ei, eu sou um louvaminheiro, um super louvaminheiro!”.

Ato IV – Addio senile

O ato final desta opera bufa, é também um ato de esperança, de uma instituição que não merece ser tratada como propriedade de uma família. Não deve ser gerida com amadorismo. O corpo técnico não pode ser tratado com indiferença e desrespeito. Somente o Senador acreditou que o Superintendente poderia fazer uma grande gestão. A Codevasf merece entrar em um novo tempo, longe das amarras da velha política e com a valorização dos concursados.

E lembrando que a instituição é pública e do povo!