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Clientelismo ainda domina política no interior do Petrolina

O mais comum nas áreas distantes, ainda é assistir as práticas de clientelismo e compra de voto

Embora existam pontos de Petrolina onde a união da comunidade conseguiu trazer uma consciência política para a população local, o mais comum ainda é assistir as práticas de clientelismo e compra de voto que dificultam o exercício da cidadania plena.

Nas regiões mais isoladas do município, por exemplo, os candidatos que visitam vilas distantes – em longas horas pelas estradas vicinais – são esperados com ansiedade pelas comunidades sequeiras.

A visita destes candidatos é um raro momento em que esta parcela  da população petrolinense consegue tomar contato com os homens e mulheres que vão determinar, de longe, partes importantes da vida da região.

Mas ao invés de discussões de longo prazo, estas populações se concentram em seus pedidos pessoais de favores, depois de a experiência de algumas décadas ter demonstrado que pouco benefício de estado é levado para a toda a comunidade pelo poder público.

Voto por atendimento médico em Petrolina ainda existe

“Tem muito candidato que sai de Petrolina com um médico  trocando voto por tratamento dentário e atendimento médico”, contou um morador de um povoado distante.

Troca de favores em Petrolina

Em geral, o que se vê nas pequenas localidade de Petrolina é o domínio de chefes políticos locais e a velha tradição de um favor por um voto. “Acontece sim. A gente não pode negar que acontece muito pedido pessoal na época de eleição”, nos disse um candidato a deputado estadual da cidade, a terra da fruticultura irrigada.

Nós estivemos no encontro de um político em uma localidade de sequeiro, distante quase 100 Km da zona urbana, e sob um sol escaldante, um caminhão de som tocava o jingle- forró do candidato a todo o volume a população sentia o cheiro da carne sendo assada trancada dentro de uma casa.

Comida, só quando chegasse o candidato.Quando ela finalmente aparece e faz seu discurso, também aparecem as bacias de carne . A população, enfim, pode desfrutar aquele momento, e a fome que já era visível, pode ser saciada . No entanto, em uma mesa à parte, ficam os assessores e o “grande” político, que é mimado como um verdadeiro deus. E o candidato, besta que não é, apostou muito mais nos favores do que nas propostas o voto do sertanejo.

Em Salgueiro, mudanças aconteceram

No interior de Pernambuco, a comunidade de Conceição das Crioulas – uma área remanescente de Quilombo no município de Salgueiro,  conseguiu quebrar a alienação política que dá o tom das populações pobres do sertão. Inicialmente, a comunidade se uniu para lutar pela terra ocupada por seus antepassados e que por lei federal lhes era de direito.

Hoje, todos os meses uma grupo de moradores se reúne no salão comunitário para discutir os problemas da vila. E já conseguiram até eleger uma vereadora.

“Antes aqui era só um curral, que não se envolvia com política e onde alguns candidatos passavam a cada quatro anos atrás de votos. Mas, a partir dos anos 80, alguns moradores da comunidade começaram a olhar para fora e ver a força dos movimentos negros e de quilombos no Brasil”, contou a presidente da Associação Quilombola. Mas esta consciência política ainda é rara no sertão.

O mais comum nas áreas distantes, ainda é assistir as práticas de clientelismo e compra de voto que dificultam o exercício da cidadania plena.

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