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Depressão infanto-juvenil: como ajudar crianças e jovens?

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uando o comportamento alegre e explorador, típico das crianças saudáveis, transforma-se por um medo excessivo ou por tristezas  sem fundamento , em apatia, desânimo e falta de motivação, ou ainda em irritação, é preciso observar, alerta a psicóloga e psicanalista Cristiane da Silva Folino.

Os sintomas da depressão em crianças e adolescentes podem ser confundidos com as oscilações de humor naturais da fase de crescimento, quando a personalidade está se estruturando, e acabar prejudicando a compreensão e o tratamento da doença – explica.

A médica, que é membro do departamento de Saúde Mental da Sociedade de Pediatria de São Paulo, destaca, no entanto, uma diferenciação importante entre tristeza e depressão. Segundo ela, quando temos uma perda significativa de algo ou alguém é natural que, como resposta a essa perda, sintamos tristeza, nos isolemos, nos recolhamos e precisemos passar por um processo que vai nos ajudar a superá-la após um tempo, e nos liberará para investir novamente nas coisas da vida.

– Isso também pode acontecer com as crianças. Elas ficam tristes por alguma razão que não necessariamente fica evidente à primeira vista. Nesse caso é preciso estar perto, tentar compreender o que está acontecendo. E há ainda os casos em que a criança está mais introspectiva, tentando lidar muitas vezes com novos impactos e sentimentos – afirma.

Por outro lado, a depressão pode ser compreendida como uma dificuldade de processar as perdas e que desenvolve um quadro mais sério.

– A vida perde o sentido que tinha antes, a pessoa pode não se reconhecer nos seus antigos prazeres, interesses, o mundo perde a cor…

Segundo ela, nas crianças pode haver um quadro análogo, mas com particularidades. A partir de uma ruptura abrupta, derivada da perda de uma figura significativa para o bebê, ele pode vir a apresentar sintomas depressivos.

– As formas mais frequentes de depressão do bebê são as menos evidentes, mais camufladas e pouco acentuadas, o componente primordial é certa apatia, indiferença, mais do que tristeza, o bebê pode não apresentar queixas, choros e nem demandar nada. Pode haver uma lentidão depressiva no aspecto motor, podendo aparecer no comportamento monótono da criança.

A médica ressalta ainda que pode haver um retraimento na interação com o cuidador, se comparado ao comportamento anterior da criança. Pode aparecer um olhar vazio, fixo, desvio fugidio do olhar, mas também aparecerem sintomas considerados psicofuncionais, como distúrbios do sono, alimentares, digestivos ou gástricos, respiratórios, problemas de pele e comportamentais, tais como temperamento difícil, irritação, choros frequentes e um bebê difícil de ser consolado.

– O diagnóstico da depressão de modo geral é algo complexo, e em crianças e adolescentes requer um cuidado ainda maior. Faz-se necessário observar a severidade dos sintomas e sua duração. Não se pode falar em quadro depressivo a partir apenas da presença de um único sintoma – alerta, lembrando que é fundamental o olhar de um profissional especializado nesse tipo de problemática.

Na adolescência

A adolescência se caracteriza por um período de crises e conflitos. É a fase em que o jovem tem que lidar com uma série de perdas e remanejamentos. As mudanças pelas quais o adolescente passa podem ocasionar sofrimentos e exigem uma nova acomodação.

– De maneira geral, essas perdas dizem respeito a três vértices: referentes à imagem infantil, incluindo uma alteração importante na maneira como vê seu corpo, que não é mais o mesmo e pode trazer um estranhamento, bem como a imagem que tinha de seus pais e de modo geral à identidade infantil. Deixar de ser criança é um processo e exige uma elaboração por parte do sujeito.

Dessa forma, explica a médica, essas transformações que ocorrem ao longo do processo que representa a adolescência fazem o sujeito perder suas antigas e conhecidas referências, não podendo contar a princípio com uma representação de si mesmo, uma vez que ainda está em construção. Esse processo é inerente à adolescência, mas dificuldades em processar essa passagem podem vir a deflagrar um quadro depressivo.

– Mais uma vez, os sinais devem ser encarados como alerta e não como diagnóstico, pois este é bastante complexo. Na adolescência, em virtude de sua especificidade, os sintomas podem ser: irritabilidade e instabilidade, humor deprimido, perda de energia, desmotivação e desinteresse, sentimentos de desesperança e/ou culpa, alterações do sono, isolamento, baixa autoestima, comportamento suicida, problemas graves do comportamento, agressividade, prejuízo no desempenho escolar e queixas físicas.

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