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Depressão: um mal contemporâneo

Brasil ocupa quinto lugar no ranking dos países com mais casos da doença no mundo

Todo mundo já se sentiu ou vai se sentir triste em algum momento da vida. Mas quando a tristeza deixa de ser um fato isolado e passa a ser permanecente, interferindo na rotina de uma pessoa, pode ser um importante sinal para um quadro depressivo. Ansiedade, aflição, angústia, desinteresse, solidão e vazio são algumas outras emoções muito frequentes em que sofre de depressão.

A doença impõe limites a 322 milhões de pessoas que sofrem com ela em todo o mundo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde. O Brasil ocupa o quinto lugar no ranking dos países com mais casos da doença no mundo. São 11,5 milhões de brasileiros com depressão. É a doença mais incapacitante do mundo. Atinge todas as classes sociais e em todas as idades.

11,5 milhões de brasileiros têm depressão

Mas qual a maior causa deste mal contemporâneo? “Acredito ser muito característico da cultura atual em que vivemos, com incentivos a consumo e por uma vida de imediatismos, onde é exigido sempre sucesso do sujeito, com baixa tolerância à frustação. É muita expectativa em cima do indivíduo e as pessoas não conseguem atender a tantas demandas”, defende Elaine Souza, psicóloga do Hapvida.

São dias mais corridos, com contatos rápidos, muitas vezes, apenas pela internet. E nas redes sociais, as pessoas não se mostram, não falam de seus problemas, suas angústias. É uma vida perfeita, feliz. “Essa sensação de não pertencimento a nada é terrível. As pessoas antes tinham mais contato social, de acolhimento. Hoje se isolam. Há uma cobrança de ter, em detrimento de ser alguém, de ser reconhecido. E nós precisamos de reconhecimento, de ser pessoas”, analisa Ângela Zamilute, psiquiatra do Hapvida.

5ª É a posição do Brasil no ranking de países com mais casos da doença

Apoio
Muito mais que um estado emocional, a depressão é algo que fica e paralisa quando não diagnosticada e cuidada por uma equipe de saúde. Isso porque um quadro depressivo pode ser desencadeado por fatores psicológicos e, também, biológicos. “Nós, psiquiatras, enxergamos o paciente de uma forma mais abrangente, porque vemos algumas doenças químicas ou crônicas que podem levar um sujeito à depressão”, explica a psiquiatra.

Por ser uma doença com causas complexas, a pessoa precisa ser analisada por psicólogo, psiquiatra e endocrinologista. “Os hormônios são extremamente importantes e podem interferir na personalidade e no comportamento das pessoas. Antes de qualquer diagnóstico, cabe fazer uma avaliação hormonal de forma geral, como os tireoidianos e sexuais, por exemplo. São questões que afetam tanto mulheres quanto homens”, destaca Renata Cerqueira, endocrinologista do Hapvida.

O processo de recuperação é doloroso e requer uma dose extra de dedicação também de quem está por perto. Amigos e familiares podem ser solidários, escutar estas aflições. “Ao perceber uma mudança comportamental, seja o apoio dessa pessoa. Não caia no discurso raso e preconceituoso de: “tem tudo e está criando coisa”, “é frescura”, “está assim porque quer””, aconselha Elaine Souza.

“Ao perceber uma mudança comportamental, seja o apoio dessa pessoa. Não caia no discurso raso e preconceituoso de ‘é frescura’ ou ‘está assim porque quer’”
Elaine Souza
Psicóloga do Hapvida

USO DE MEDICAÇÃO
Quando a pessoa é diagnosticada com depressão leve, muitas vezes não se faz necessário iniciar um tratamento com medicação. A psicoterapia, aliada ao apoio familiar e a melhores hábitos de vida, já consegue um bom resultado. Muito psicólogos indicam, inclusive, que o paciente 
pratique exercícios físicos, controle o consumo de drogas líticas e não líticas, tenha uma alimentação saudável e crie bons hábitos de sono para uma mudança de ânimo mais rápida.

Os antidepressivos, que já estão em segundo lugar na lista dos remédios mais vendidos no Brasil, devem ser utilizados apenas em casos moderados ou graves, de acordo com Ângela Zamilute. “Nestes casos, é necessário e os medicamentos são cada vez mais eficazes, com menos efeitos colaterais, menos dificuldade de retirar o uso e resolvem mais rapidamente a depressão. E mesmo em situações moderadas e graves, a psicoterapia precisa ser uma aliada no tratamento”, ressalta a psiquiatra.

Em alguns casos, o remédio deve ser utilizado por toda uma vida. “Quando o paciente tem uma genética muito importante na família de casos de depressão ou como a forma como aquele indivíduo lida com as frustações, ressentimentos e mágoas. Algumas pessoas precisam realmente de um uso contínuo. Não conseguem se manter sem medicamento”, esclarece Ângela.

VALE A LEITURA
Livro: O Demônio do Meio-Dia – Uma Anatomia da Depressão
Publicação: 
2002
Autor: Andrew Solomon
Resumo: É uma referência sobre a depressão para leigos e especialistas. O premiado autor fala sobre sua experiência com a doença e convida o leitor a entender sobre a depressão. Descontrói mitos a partir de relatos pessoais, depoimentos de outras vítimas da doença e opinião de especialistas.  O livro, com título original Solomon The Noonday Demon: An Atlas of Depression, venceu o National Book Award, foi um dos finalistas do Prêmio Pulitzer em 2002, integra a lista dos cem melhores livros da década do jornal The Times e é sucesso de crítica em todo o mundo.

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5 pensamentos “Depressão: um mal contemporâneo”

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