Em Pernambuco, blogueiros, Radialistas e Jornalistas sofrem com síndrome de Estocolmo

Quase todo jornalista,blogueiro ou Radialista  sente o seu ego inflar quando é apresentado em público como uma pessoa que está por dentro das coisas. Quando se trata de política, futebol e economia, é o especialista que sabe o que pensa e o que quer o político, o cartola e o banqueiro. Um profissional nessas condições é chamado pelos norte-americanos de insider e goza de muito prestígio porque é quem supostamente sabe de coisas que os vis mortais ignoram.

O problema é que a própria definição de insider coloca o profissional num dos lados da informação, o lado de quem tem poder, de quem pode gerar notícias e influenciar a agenda pública. Mas este é o lado certo do jornalista, do radialista ou do blogueiro? Se formos seguir os manuais, a resposta provavelmente será negativa, porque a função desse tipo de profissão  é buscar, conferir, editar e publicar informações que permitam ao cidadão ter uma vida digna e inserir-se no convívio social.

Com informações de Carlos Castilho

Mas a rotina das redações empurra os jornalistas, os blogueiros e os radialistas na direção contrária. Eles, de maneira geral, acabam consultando mais o político, o empresário e o cartola do que os leitores,telespectadores e ouvintes  que, em última análise, pagam os salários da redação. Isso nos leva a uma triste realidade e grande equivoco:  o profissional da comunicação está se identificando com o lado errado da noticia.

A dinâmica da indústria dos jornais, da televisão, radios  e blogs, torna compulsória a busca de audiências cada vez maiores, o que obriga os veículos de comunicação a serem cada vez mais generalistas, oferecendo um produto informativo padronizado para públicos diversos.

Com isso a informação foi se misturando cada vez mais com o entretenimento, uma associação que agrada os tomadores de decisões porque aguça seu ego competitivo, mas priva a grande massa de cidadãos dos elementos que afetam sua sobrevivência diária, como o simples ato de saber como evitar juros astronômicos numa compra a prazo.

A associação com o lado socialmente errado da notícia levou a imprensa a tratar a política como um jogo de especialistas — ou insiders. Neste jogo importa mais noticiar quem está ganhando, como e por que. Diante dessa atitude, os aplausos para esse profissional é  inevitável. É a valorização da esperteza porque esta é condição para evitar uma derrota. E se é indispensável ser esperto para vencer, a vitória acaba ofuscando os questionamentos morais.

Não há nada de errado no fato de usar a perspicácia na cobertura eleitoral, por exemplo. O problema é quando essa habilidade deixa de ser usada em beneficio do cidadão para ser apenas um ingrediente no jogo do poder. Isso está acontecendo com uma frequência tão grande que a distorção já não é mais notada.

Muitos profissionais e insiders afirmam, com alguma razão, que precisam seguir as regras do jogo para poder informar sobre política ou economia. A questão é que a convivência prolongada com o poder acabou desenvolvendo tendência à síndrome de Estocolmo na maioria dos repórteres políticos. A convivência com os políticos, economistas e empresários acabou criando uma cumplicidade que hoje é responsável por grande parte do viés equivocado no noticiário, especialmente no político, econômico, policial e até no esportivo.