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“Não me importo se o Bolsonaro vai gostar ou não”, diz Eunício Oliveira

Presidente do Senado nega agenda de 'pautas bombas' e diz que Congresso não aceitará "levar prensa"; senador, por outro lado, nega insatisfação com o futuro governo e diz que não vai "botar a perna" para Bolsonaro "tropeçar"

presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE) , voltou a negar nesta sexta-feira (8) que tenha lançado uma agenda de ‘pautas bombas’ e disse que “não está preocupado” se o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), “vai gostar ou não” das decisões tomadas pelos senadores antes de sua posse no Planalto.

“Não estou preocupado se Bolsonaro vai gostar ou não. Qual o motivo de eu, como presidente de um Poder, vou procurar o presidente eleito de outro Poder para perguntar o que ele quer? Parece um oferecimento, de disposição para se credenciar para alguma coisa. Zero”, afirmou Eunício Oliveira em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo .

A declaração surge após o Senado ter  aprovado reajuste de 16% no salário de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), contrariando os interesses do futuro presidente, que disse na quarta-feira (7) que “não é o momento” para aprovar a medida . O aumento salarial para os integrantes do Supremo, que passarão a receber mais de R$ 39 mil, acarretará em custos de R$ 6 bilhões a partir de 2019.

Eunício justificou a votação do aumento salarial para os ministros do Supremo alegando que havia pedido de urgência para a proposta. “As matérias pautadas já tinham sido votadas pela Câmara dos Deputados e houve um compromisso formal do presidente do STF e da Procuradoria-Geral da República de que não haverá aumento do teto de gastos dos órgãos”, disse.

O senador ressaltou ainda que cada Poder pode remanejar seu orçamento dentro desse teto de gastos. “Eu fui autor da emenda constitucional que aprovou o limite de gastos no Brasil. Eu lembro que muitos diziam que, ao fazer isso, eu estava fazendo um mla ao Brasil. Mas eu sabia que estava procurando fazer um bem ao Brasil.

No dia seguinte a essa votação, o Senado aprovou também  medida provisória que dá benefícios fiscais a montadoras do setor automotivo, o que prevê a renúncia de R$ 2 bilhões de arrecadação já no ano que vem.

A proposta também contraria interesses da equipe econômica de Bolsonaro . O futuro ministro da Fazenda, Paulo Guedes, já defendeu em mais de uma ocasião que é contra a concessão de subsídios a setores específicos da economia.

Já para Eunício e para o presidente Temer, que assinou decreto que regulamenta o programa estabelecido por essa MP, essa política irá elevar a qualidade da produção nacional e gerar a criação de vagas. “Com o fortalecimento do setor, a nossa população terá mais oportunidades de emprego e renda”, disse o presidente do Senado .

Também na entrevista ao Estadão , Eunício negou haver “insatisfação” com o governo eleito, mas rechaçou “levar prensa”, conforme chegou a declarar o futuro ministro Paulo Guedes sobre a votação da reforma da Previdência. “Só não aceito que digam que o Congresso tem de levar prensa. Aqui tem a liberdade de cada um botar o dedinho e votar sim, não ou abstenção.”

“Não votei no Bolsonaro, mas eu vou dizer o que disse Obama. Minha admiração não é pelo Trump, é pelo Obama. A população do meu Brasil democraticamente disse que o presidente é ele, então a partir do dia que ele ganhou ele é meu presidente, é o presidente do meu País e não sou eu que vou botar uma perna esticada para ele tropeçar, pelo contrário”, continuou Eunício Oliveira .

 

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