Política
Jornalismo local será decisivo nas eleições de 2024 em Petrolina–PE e Juazeiro-BA
Nas duas cidades, dezenas de blogs, rádio e também TVs levam a cada dia as notícias locais, regionais e do Brasil em tempo real, e fazem excelente trabalho de cobertura jornalística. Porém, como a cobertura é grande, o preço a pagar é alto.
A precariedade do jornalismo local abre as portas para a desinformação, o que beneficia políticos que querem enviesar o debate e pode influenciar no resultado das eleições. Precisamos pensar no que está colocado no lugar do jornalismo, já que ele muitas vezes é o único ausente nos debates públicos locais. Mesmo em municípios considerados desertos de notícias, as redes sociais e os aplicativos de mensagem estão presentes e por eles passam informações, desinformação e outros conteúdos. Mesmo precarizado, o jornalismo tem compromissos com as comunidades com as quais se conecta e das quais depende. É o jornalismo que fiscaliza o poder público e medeia debates.
A forma”medeia”, pode ser a segunda pessoa do singular do imperativo “mediar” ou terceira pessoa do singular do presente do indicativo “mediar”
O jornalismo local vem ocupando um território cada vez maior tanto que no último censo do Atlas pela primeira vez o número de municípios com alguma iniciativa jornalística em atividade superou o número de desertos, lugares em que o jornalismo local está ausente e as pessoas não recebem notícias sobre o lugar onde vivem por meio do jornalismo. Essa ocupação crescente é possível graças a novas iniciativas digitais, que não encontram muitas barreiras para iniciarem suas atividades, mas que têm enormes desafios de sustentabilidade. No médio e longo prazo.
Um fato para se discutir se passa em duas cidades geminadas. Petrolina, cidade pernambucana, e Juazeiro, cidade baiana. São separadas pelas águas do Rio São Francisco. Ambas se tornaram polo da Fruticultura Irrigada. Em especial nestas cidades, o jornalismo local, que é forte, sem sombras de dúvidas, será fator decisivo no pleito de 2024.
Petrolina, com quase 400 mil habitantes, e Juazeiro, chegando aos 300 mil habitantes, constituem duas importantes vias de escoamento da produção de frutas. São duas cidades que possuem um PIB bilionário. Petrolina, por ser maior, poderá ter segundo turno nas eleições de 2024. Juazeiro, apenas um turno, já que não tem número de eleitores suficiente para levar a disputa para uma segunda disputa.
Nas duas cidades, dezenas de blogs, rádio e também TVs levam a cada dia as notícias locais, regionais e do Brasil em tempo real, e fazem excelente trabalho de cobertura jornalística. Porém, como a cobertura é grande, o preço a pagar é alto.
Perseguições de políticos, em especial, vereadores, tornam o clima quente. Só para se ter uma ideia, não é raro os ataques dos Edis contra os profissionais da imprensa local. Existe vereador que diz que a imprensa tem lados: o bom e o podre.
Recentemente, até uma carta aberta de repúdio foi escrita por diversos profissionais da imprensa, recriminando a atitude de certo vereador, que com fala deselegante, feriu a honra da profissão. Os presidentes das duas casas legislativas são vezeiros em usar palavras nada cristãs contra aqueles que desnudam suas falhas como gestores de duas casas importantes para a sociedade.
Enfim, o papel da imprensa é importante, porém, é preciso haver proteção para a liberdade de imprensa nestes locais. O blog A Língua acredita que para as eleições será necessário que jornalistas de meios convencionais necessitam de capacitação para monitorar, investigar e produzir reportagens investigativas com foco em desmentir peças de conteúdo viral descontextualizadas.