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Negociação entre governo e centrão por cargos no segundo escalão avança

Planalto avalia indicações para chefias de órgãos com orçamentos bilionários

A duas semanas do segundo turno da votação da reforma da Previdência na Câmara, o governo deu sinais de que deve atender a nomeações do centrão para cargos do segundo escalão. Estão sobre a mesa da Secretaria de Governo as indicações do engenheiro baiano Maurício Mathias para a presidência da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba ( Codevasf ) e do advogado Rodrigo Sérgio Dias para o comando do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação ( FNDE ).

Segundo quatro interlocutores ouvidas pelo GLOBO que acompanham de perto as negociações, um dos principais articuladores do centrão, o líder do DEM na Câmara, Elmar Nascimento (BA), atua para costurar um consenso em torno da indicação de Mathias. A sugestão do nome dele esbarra em outro interessado. Candidato derrotado do DEM ao governo da Bahia, José Ronaldo também atuou junto ao ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, para assumir o comando da Codevasf. A companhia tem orçamento previsto de R$ 1,29 bilhão para este ano.

Embora aliados reconheçam a negociação, Elmar nega publicamente que fará a indicação. Ao GLOBO, o líder do DEM diz que é amigo de infância de Mathias, mas afirma não acreditar que ele saia da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder), na qual exerce a função de diretor.

Já a indicação de Rodrigo Sérgio Dias para o FNDE — que tem orçamento de R$ 55 bilhões — contou com o apoio do PP, do líder da maioria Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) e do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Ex-presidente da Funasa no governo Temer, Dias é primo do secretário de Transportes Metropolitanos de São Paulo, Alexandre Baldy, e do ex-marqueteiro de Temer Elsinho Mouco. Em abril, o nome dele havia sido vetado porque ele respondia a processo de agressão a mulher. Agora, a seu favor na indicação, houve uma decisão favorável na Justiça sobre o caso.

No mês passado, o general de brigada Pedro Antonio Fioravante Silvestre Neto quase foi nomeado para a presidência da Codevasf. A indicação, entretanto, perdeu força após o governo abrir a negociação com partidos do centrão. Um dos políticos que possui influência na companhia é o presidente do PP, senador Ciro Nogueira.

Engenheiro, Maurício Mathias supervisiona obras no Conder, órgão estadual na Bahia responsável pela gestão de mobilidade urbana, habitação, urbanismo e saneamento ambiental. Ele já foi assessor de Elmar Nascimento quando este era deputado estadual, há dez anos. Já Rodrigo Sergio Dias foi nomeado este ano na Diretoria Financeira da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) de São Paulo. O Tribunal de Contas da União (TCU) investiga sua gestão na Funasa por possíveis irregularidades, como o pagamento de R$ 100 mil por duas linhas digitadas em programa de computador.

No Congresso, a expectativa é que a liberação de emendas e nomeações de cargos em segundo e terceiro escalões do governo deve ganhar fôlego às vésperas da votação da reforma da Previdência em segundo turno na Câmara. Na semana passada, o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, disse que vai trabalhar para agilizar o processo.

— Depois do recesso, eu vou assumir isso aí (distribuição de cargos) e vamos procurar dar celeridade e continuidade ao trabalho que vinha sendo feito — afirmou ao GLOBO o ministro.

Desde o início dos trabalhos no Congresso, deputados escutam de integrantes do governo que a indicação de cargos nos estados ocorreria em órgãos como Ibama, Funasa, Incra, Codevasf, Secretaria de Patrimônio Urbano e outros braços dos ministérios.

As nomeações seguem os critérios do decreto do “banco de talentos”, que exige ficha limpa e experiência.

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