O nepotismo , nada mais é que o abuso que um eleito faz da sua posição para favorecer familiares .O assunto está mais intenso do que nunca na opinião pública e da justiça brasileira.
O Brasil é recheado de péssimos exemplos de nepotismo. Um dos casos mais bizarros, aconteceu em 2007, onde o governador do estado do Maranhão Jackson Lago (PDT) contava com dois irmãos, quatro sobrinhos, três primos e um genro no seu gabinete. Da família da sua mulher, tinham cargos governamentais num dos estados brasileiros mais pobres, dois irmãos, seis sobrinhos e dois primos. Um destes primos, chefe da casa civil, empregava dois filhos. No total, eram 23 parentes de Lago sob o guarda-chuva do estado.
Um levantamento do site Transparências já deste ano avaliou que a “bancada dos parentes” é a mais poderosa do Congresso. Explicando: no Senado e na Câmara dos Deputados, os parlamentares, além de se dividirem pelos mais de 20 partidos, ainda se organizam por bancadas suprapartidárias como a da Bíblia, composta por fiéis das igrejas evangélicas, a do Boi, que cuida da agenda dos grandes latifundiários e criadores de gado, a da Bala, de polícias e militares favoráveis ao uso de armas, ou a da Bola, que zela pelos interesses dos clubes de futebol. A bancada dos Parentes, porém, conta com 238 dos 594 congressistas (ou seja, 40%) – isto é, quase metade dos parlamentares tem pelo menos um familiar em cargos públicos. O lóbi do parentesco é, pois, ainda mais forte do que os outros lóbis.
Em Pernambuco, João Campos (PSB), é o herdeiro político do pai, Eduardo Campos, falecido em desastre de avião em 2014, quando concorria à presidência da República. O avô de Eduardo e bisavô de João foi Miguel Arraes, que governou o estado por cerca de 30 anos.
Aos Sarney, Campos e Neves, juntam-se os clãs dos Magalhães, na Bahia, que vão do velho cacique Antônio Carlos Magalhães (DEM) ao hoje prefeito de Salvador, conhecido como ACM Neto (DEM), os Calheiros, no Alagoas, do presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB) e do seu filho homónimo , ou os Virgílio, no Amazonas, como o nome de guerra do hoje deputado Arthur Virgílio Bisneto (PSDB) ilustra.
“É um velho costume usar a máquina pública para fins particulares, é um atentado contra qualquer vida pública decente e sem nenhuma justificação”, opina Roberto Romano, professor de Filosofia Política da Unicamp.