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Passar informações falsas em redes sociais pode dar cadeia. A polícia do Vale do São Francisco está atenta aos casos
“Tarado do perfume usa fragrância para apagar as vítimas” “Ambulante vende água batizada para roubar carros”. ” homem preso em Lagoa Grande pode ser assassino da menina Beatriz”. Se você é usuário de qualquer rede social, em especial o WhatsApp, muito provavelmente já recebeu mensagens sobre estes e outros casos que têm corrido através da internet. Além do tom alarmista, todas têm uma característica em comum: São mentiras que somente disseminam pânico.
Ainda que cercado de boas intenções, o gesto de compartilhar boatos web afora pode ter desdobramentos trágicos. Quando a menina Beatriz, foi assassinada em Petrolina, dentro de um colégio particular, a foto de um suposto assassino quase virou desgraça pondo em risco a vida de um jovem que tinha traços parecidos com os da foto espalhada pelas redes sociais.Reconhecido na rua, o jovem quase acabou agredido por furiosos, no entanto, o jovem era inocente.
Esses boatos, via de regra, são histórias que já circulam há muito tempo, sofrendo apenas pequenas alterações. O relato do ambulante que vende água batizada para roubar carros, por exemplo, já passou por várias cidades, como Recife, Garanhuns, Caruaru e Petrolina. É preciso usar muita cautela e buscar combater a propagação dessas farsas.
Especialistas garantem que um dos principais desafios do trabalho da policia é descobrir a origem de cada história falsa. Muitas vezes, diante da infinidade de compartilhamentos, fica impossível detectar quem foi o primeiro a postá-la. Em geral, contudo, é após a divulgação por um perfil ou página mais acessado que a mentira ganha maiores proporções.
Foi o que ocorreu nesta segunda -feira, 30 de outubro, no Vale do São Francisco. Um post no whatsapp passou adiante uma foto de um suposto assassino de um jovem morto em Lagoa Grande no último fim de semana.Para piorar a a situação, a mensagem dizia que o “assassino” também tinha matado a pequena Beatriz, caso ocorrido em 2015. Mesmo sendo falsa a alegação, a postagem fez estragos. Casos como esses, podem ocasionar desfechos trágicos, e o simples ato de compartilhar pode virar caso de polícia.
Propalar mentiras traz responsabilidades, inclusive no âmbito civil. Pode-se, dependendo do caso, responder por injúria , difamação ou calúnia — explica o advogado Carlos Cintra, especialista em crimes cometidos via internet.
Como identificar
Os boatos infundados têm sempre tom alarmista, repleto de termos como “cuidado”, “alerta”, “atenção”… Em muitos casos, as palavras-chave vêm em caixa alta (maiúsculas), logo no início da mensagem.
Outra característica comum é a falta de referência temporal clara. Usa-se “esta semana”, “amanhã”, “na sexta-feira” e afins, mas nunca dia, mês e ano específicos. “Compartilhar a mentira não faz bem para seus amigos, e se precaver torna a internet um lugar melhor”, alerta o advogado.
A imprecisão repete-se nos quesitos local do fato e envolvidos. Na maior parte das vezes, surgem apenas dados genéricos, sem especificar, por exemplo, um nome de rua ou de pessoas ligadas à situação em questão.
Também é frequente que os textos contenham erros de português. Reparou em concordâncias mal feitas ou grafias incorretas? Desconfie.
Por fim, a característica mais marcante: a falta de fontes confiáveis, ou de links que sustentem uma fonte citada equivocadamente. “Checagem é algo básico, e uma busca rápida já ajuda a matar a charada”, ensina o advogado.
Por Cauby Fernandes
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