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Paulo Guedes cancela compromissos após Bolsonaro baixar ordem de silêncio
Guru econômico do candidato do PSL foi repreendido por conta de mal-estar causado por plano de ressuscitar CPMF; mentor do plano de Bolsonaro para a economia era esperado para palestras em dois eventos nesta sexta-feira
O economista Paulo Guedes, peça-chave na equipe do candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL), cancelou participação em dois eventos marcados para esta sexta-feira (21). Pela manhã, Guedes era esperado para expor suas ideias na câmara de comércio Brasil-Estados Unidos Amcham, e, à tarde, seria também um dos palestrantes da Expert XP 2018. Em nota, a Amcham disse ter sido informada do cancelamento 50 minutos antes do início de seu evento.
O recuo de Paulo Guedes quanto à sua agenda se dá após ele ter sido repreendido por Bolsonaro por conta de declarações que surpreenderam eleitores e a própria equipe de campanha. O economista disse, no início desta semana, que pretende criar um novo imposto semelhante à extinta CPMF , que taxa transações bancárias.
Internado desde o dia 7 deste mês no hospital Albert Einstein, em São Paulo, Bolsonaro teve de recorrer às redes sociais para estancar a sangria causada pela proposta, que não era conhecida nem pelo próprio candidato.
“Votei pela revogação da CPMF na Câmara dos Deputados e nunca cogitei sua volta. Nossa equipe econômica sempre descartou qualquer aumento de impostos. Quem espalha isso é mentiroso e irresponsável. Livre mercado e menos impostos é o meu lema na economia!”, escreveu o presidenciável em seu Twitter nesta manhã.
Paulo Guedes, ausente
O movimento de suspender a participação em eventos já havia sido iniciado pelo cooordenador do programa econômico de Bolsonaro antes desta sexta-feira. Guedes cancelou na véspera uma reunião com investidores do Credit Suisse marcada para ocorrer nessa quinta-feira (20). Antes, ele já havia frustrado também os telespectadores e organizadores do programa Roda Viva, da TV Cultura .
O guru econômico do candidato do PSL não foi o primeiro a ser chamado à atenção desde que Bolsonaro saiu de cena por conta do ataque a faca sofrido durante ato de sua campanha, no dia 6, em Juiz de Fora (MG). O vice da chapa, general Hamilton Mourão, também foi repreendido após dar seguidas declarações polêmicas e fazer movimentações sem consultar os demais integrantes da equipe de campanha.
Até o surgimento da polêmica acerca da CPMF, a participação de Paulo Guedes em eventos com integrantes da elite do mercado financeiro era tida como uma ação importante para a campanha do ex-capitão do Exército. Esperava-se que o chamado ‘posto Ipiranga’ de Bolsonaro pudesse eliminar dúvidas a respeito da existência de um plano econômico sólido na candidatura do deputado, e também manifestar capacidade de diálogo, uma vez que o próprio Guedes não é frequentador habitual das rodas do mercado financeiro.