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Pesquisa eleitoral é arma política para quem tem recursos, diz Bolsonaro

As declarações acontecem no mesmo dia em que a pesquisa Datafolha de São Paulo foi proibida de ser divulgada pela justiça.

Sem apresentar provas, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta quarta-feira (11) que pesquisas eleitorais são “uma grande arma política” para quem tem recursos.

As declarações de Bolsonaro – dadas ao lado de um candidato a prefeito de Belo Horizonte que tem 4% das intenções de voto – ocorre no mesmo dia em que um juiz eleitoral manteve censura à publicação de pesquisa Datafolha sobre a corrida eleitoral em São Paulo.

“Lógico que deve ter bom instituto de pesquisa no Brasil, mas como regra parece que é um grande negócio, porque conduz a pesquisa. Por exemplo, vai que você aparece com 1% [das intenções de voto], ninguém tem vontade de votar em você. Quem quer votar, muita gente não vota mais”, declarou o presidente, em live transmitida nas redes sociais.

“Então a pesquisa é uma arma política para quem tem recursos e para quem tem através… porque a pesquisa é paga, comprar pesquisa é manipular números.”

Bolsonaro estava acompanhado por Bruno Engler (PRTB), candidato em Belo Horizonte que tem apoio do presidente. Engler tem fraco desempenho nas sondagens, que apontam como favorito o atual prefeito, Alexandre Kalil (PSD).

O presidente também disse que não estava acusando “todo instituto” de pesquisa de ser fraudulento. E complementou, erroneamente, que os levantamentos sobre as eleições de 2018 apontavam que ele seria derrotado.

A última pesquisa Datafolha antes do segundo turno do pleito presidencial, em 2018, apontou Bolsonaro com 55% das intenções de voto, contra 45% de Fernando Haddad (PT). Apurados os votos, o presidente teve 55,13% dos votos válidos e o petista, 44,87%.

Já o pedido de censura contra o levantamento Datafolha em São Paulo ocorreu por iniciativa da coligação do candidato Celso Russomanno (Republicanos), que disputa a eleição com o apoio de Bolsonaro. A decisão foi do juiz eleitoral Marco Antonio Martin.

O Datafolha entrou com mandado de segurança no TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de São Paulo para reverter a decisão.

Segundo a decisão liminar do juiz, “ao que parece a pesquisa eleitoral ora impugnada está em desacordo com a legislação e a jurisprudência eleitoral”.

O juiz indicou aspectos que não estariam em conformidade com a lei, como a ausência de ponderação dos entrevistados quanto ao nível econômico, irregular fusão de estratos quanto ao grau de instrução dos entrevistados e simulação tendenciosa de segundo turno diante da ausência de simulações sem a presença do candidato à reeleição Bruno Covas.

Segundo Alessandro Janoni, diretor de pesquisas do Datafolha, o instituto utiliza como referência nas eleições de 2020 as mesmas variáveis de planejamento amostral e ponderação dos dados que há mais de 35 anos ditam o monitoramento dos pleitos da cidade de São Paulo, com o objetivo de representar todos os estratos do eleitorado paulistano.

Ao mesmo tempo em que derrete nas pesquisas de intenção de voto, Russomanno vê a sua rejeição disparar. A rejeição a ele começou no fim de setembro em 21%, subindo nos levantamentos seguintes para 29% (5 e 6 de outubro) e 38% (20 e 21 de outubro). Agora, no início de novembro, atingiu 47%.

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