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Quem dá mais? Em Petrolina é assim: pastores vendem seus altares ao político que oferecer mais
A UPEPER É uma verdadeira mercearia de altares, cada pastor tem seu preço.

Os pastores em Petrolina nunca foram tão paquerados por prefeituráveis quanto se vê em 2024. Simão Durando busca os votos deles de olho numa vitória já no primeiro turno. A oposição quer os manter consigo para fazer frente ao prefeito.
Por essa razão, um movimento nada evangélico vem acontecendo nos bastidores dos santuários espalhados pela cidade. Do lado de Simão, a direção de campanha se dispôs a entregar a pré-candidatos evangélicos próximos ao prefeito e sua turba, a tarefa de negociar e liberar benesses, alimentando o vício de certos pastores que adoram dinheiro, que adoram ao deus Mamom.
A adulação tem motivo: se Simão lograr exito na campanha, serão mais quatro anos garantindo a alimentação dessas aves de rapina que não conseguem viver sem as migalhas que caem da mesa do grupo de Simão.
Um jantar foi oferecido no último final de semana para 200 pastores que ovacionaram o prefeito e sua comitiva. Na ocasião, o pastor Natal Hudson, presidente da entidade UPEPER, disse que a união de pastores apoiará a reeleição do prefeito, porém, não é o que pensa a maioria dos pastores filiados à entidade. A UPEPER É uma verdadeira mercearia de altares, cada pastor tem seu preço.
“Pedimos a Deus que continue nos abençoando para que possamos continuar construindo a Petrolina dos nossos sonhos. Essa é uma terra profética, a terra dos Impossíveis. Uma cidade que está baseada sob três pilares bíblicos: Fé, Educação e Trabalho. Então, estamos aqui para apoiar e caminhar junto a quem trabalha e defende os nossos valores, a UPEPER vai caminhar junto com Simão”, declarou o pastor.
Os evangélicos deverão ser maioria entre os brasileiros que seguem alguma religião. No longínquo 2010, os evangélicos somavam 22,2% da população, segundo o Censo do IBGE. Mas a conversão caminhou a passos largos, e isso levou políticos a visitar os gabinetes luxuosos dos chefes das congregações em busca de acordos que lhes garantiriam a boa vontade de bispos e pastores durante as pregações aos fiéis.
O problema é que o público não entrega votos com a mesma fidelidade com que paga o dízimo exigido nas igrejas pentecostais e neopentecostais como prova de convicção e fé, me dizem bispos e pastores de diferentes denominações e casos que recolhi ao longo dos últimos anos. Em outras palavras, essas supostas lideranças pastorais, vendem algo que não sabem se conseguirão entregar.
A ideia de que o eleitor evangélico age em bloco não resiste a fenômenos recentes. “Os fiéis estão melhor informados sobre política e não aceitam mais qualquer imposição de voto vinda de pastores”, afirma o advogado Francisco Tenório, autor do livro “O Direito das Igrejas”, ex-seguidor da Universal e da Deus é Amor e hoje consultor e assessor de instituições evangélicas. “Se existem as fake news, também existe acesso a mais informações, facilitado pelo telefone celular. Então, é mais difícil manipular a opinião do fiel”.
Na periferia petrolinense, há pastores evangélicos de igrejas menores que apoiam o PT e outros partidos de esquerda, mas que não podem tornar pública a opção para não contrariar seus chefes e arriscarem perderem seus empregos. Por isso, é naturalmente difícil entrevistá-los.