A água é fundamental para a produtividade de qualquer atividade agropecuária. Imagina então, como os produtores do sertão do Nordeste sofrem com a falta dela. Em entrevista ao programa Dupla Conexão na Ponte Fm em Petrolina, nesta sexta-feira, 26, o pesquisador da Embrapa Gherman Garcia Leal Araújo, falou de como tecnologia pode ajudar muitos agricultores a continuar trabalhando, mesmo nos períodos de seca prolongada.
Quem vive e produz no semiárido nordestino sabe que a seca faz parte do clima desse pedaço do Brasil. Em geral, nos anos normais, chove apenas três, quatro meses por ano. Mas de tempos em tempos, a seca se prolonga.
A chuva irregular faz com que água seja um bem precioso e raro. Os agricultores sertanejos estão sempre em busca de alternativas para continuar trabalhando nos períodos de seca. Mas encontrar água no subsolo nem sempre resolve o problema.
“Conseguimos gerar mais tecnologias que aumentam as possibilidades de uso das águas salinas, formas mais flexíveis ou robustas da criação de peixes nos tanques com água salgada e do cultivo sob irrigação sazonal tolerante ao estresse salino, com novas espécies como palma, leucena, melancia forrageira, pornunça, gliricídia, cunhã, mamona, lã de seda, sorgo ponta negra e milho caatingueiro”, garante Gherman.
Uma estimativa feita pela Embrapa mostra que há, pelo menos, 200 mil poços perfurados em todo semiárido nordestino. Mas a maior parte dessa água não vem sendo usada por causa da qualidade. É uma água salobra – com sal.
O pesquisador ainda explicou que a presença de sais na água se deve à formação geológica dessa região. Segundo ele, as rochas no semiárido contêm na sua estrutura cristalográfica cloretos e elementos químicos que levam a formação de sais. ele afirmou que quando essa água entre em contato com essas rochas, o intemperismo se inicia, e os sais são liberados e vão ficar nas águas subterrâneas em todo semiárido.
“É preciso entender que o Semiárido apresenta características próprias e a presença de sal em boa parte dos seus solos e lençóis freáticos é uma delas, logo a ‘Agricultura Biossalina’ é uma alternativa fantástica a ser adotada pelos produtores da região, podendo trazer benefícios de produção e sustentabilidade, mesmo diante das alterações climáticas que se desenham e se instalam no planeta”, explicou o pesquisador.
A água salobra é composta por diversos tipos de sais, como o cloreto de sódio, que tem no sal de cozinha, além de cálcio, magnésio e potássio, por exemplo. O gosto é bem ruim, às vezes não dá nem para beber. Em geral os animais tomam, mas se o teor de sódio for alto, isso pode trazer sérios problemas de saúde para o rebanho. O uso dessa água na irrigação de lavouras é uma grande ameaça para o meio ambiente.