Disforia de classe em Petrolina: pobre vota em rico. Porquê?

Porque pobre vota em rico? Vamos elaborar alguns conceitos a partir disso. O primeiro conceito que eu gostaria de jogar na roda, é o conceito de disforia de classe.

Disforia é uma mudança repentina e transitória do estado de ânimo, tais como sentimentos de tristeza, pesar, angústia. É um mal-estar psíquico acompanhado por sentimentos depressivos, tristeza, melancolia e pessimismo. O que seria então disforia de classe, é um nome bonito pro bom e velho “come ovo e arrota caviar”. Disforia de classe é em suma, um pobre que acha que é rico.

Qual a solução para disforia de classe? A consciência de classe. Você é dono de empresa grande? Não.A Fátima Bernardes te ligou? Não. Você foi no show fechado da Ivete Sangalo? Não. Então você é pobre.

Quando eu falo isso, as pessoas ficam muito ofendidas, parece que eu estou chamando elas de um nome muito feio. Mas gente, tudo bem você ser pobre, se aceite, vai ser melhor pra você. Se conscientiza disso, não é feio, só é pobre, está tudo bem.

A pessoa pobre precisa ser estudada. Em se tratando de eleição, fica comprovada essa temática. Pobre não gosta de candidato pobre. Primeiro por que acha que ele se candidatou para se dar bem, que não quer trabalhar no pesado.

O pobre , apesar de ver sua comunidade no esgoto, na lama, se contenta com o fato do centro da sua cidade ser bonito, limpo. Ele não mora em condomínio, mas se contenta em dizer que lá mora uma pessoa que ele conhece, e mesmo não tendo uma aproximação com a pessoa, se satisfaz em dizer: meu amigo é rico, mora em condomínio. Porém esquece, por um breve tempo, que aquela casa, aquele dinheiro não o pertence. Mas, se sente bem.

O que vimos em Petrolina neste domingo comprova isso. Quem não sabe que a periferia está abandonada? Todos sabem! Quem não sabe que os bairros periféricos estão na lama? Todos sabem! Porém, quem deu a votação expressiva ao candidato reeleito, foi o pobre, foi a periferia. Isso por que, o prefeito é rico, branco, bonito, fala bonito, se porta como um rei, maltrata a periferia, e mesmo assim, o pobre maltratado gosta disso!

Parece até que não temos escolhas ! Se o prefeito é rico, o dinheiro é dele, não é meu! Fica um monte de louvaminheiros, salivando atrás de uma pessoa que não quer saber deles, apenas usá-los. Cansei de políticos que se acham suprassumos!

Então fica muito difícil você fazer a criatura imaginar uma possibilidade nova de vida, quando ela acha que só tem uma possibilidade. E a única possibilidade dela é enriquecer, coisa que a gente sabe que 4 em 10 pessoas conseguirão essa façanha. É desesperador!

Lembrando uma frase maravilhosa do Augusto Boal: “políticos são todos os atos dos homens”. Considerando todas essas coisas ditas, podemos aferir, portanto, que o pensamento político do pobre brasileiro deveria ser objeto de psicanálise, porque, com a disforia de classe, com a falta de consciência de recurso político que ele tem,  o que acaba acontecendo é que ele não vota num igual.

Ele vota na projeção do sonho de consumo neoliberal dele. Eis porque, votamos, elegemos ‘Miguéis’, ‘Antonios’, ‘Fernandos ’. Então, o pobre vota em quem ele não é. Ele vota em quem ele deseja ser.

Com trechos do texto de Ana Roxo