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Como Mandela e Raoni, Lula recebe título de Cidadão de Paris

Iniciativa foi da prefeita da capital francesa, que destaca compromisso de ex-presidente com a redução das desigualdades no Brasil. No mesmo dia, livro que traz entrevista com ex-presidente é indicado ao prêmio Jabuti

A prefeitura de Paris decidiu, nesta quinta-feira (3/10), conceder ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva o título de “cidadão honorário”. A nomeação foi aprovada nesta tarde por integrantes do Conselho de Paris, órgão equivalente à Câmara de Vereadores. A menção honrosa foi justificada pelo compromisso de Lula com a “redução das desigualdades sociais e econômicas no Brasil”.

“Esse compromisso permitiu que quase 30 milhões de brasileiros saíssem da extrema pobreza e acessassem direitos e serviços essenciais”, informou a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, em comunicado oficial. O comunicado ainda destacou a “política proativa de combate às discriminações raciais” por parte do ex-presidente, e ressaltou que muitos “defensores da democracia” são atacados atualmente no país brasileiro.
A nota oficial da prefeitura de Paris ainda ressaltou que Lula foi condenado quando pretendia disputar novamente a presidência nas eleições de 2018. “Ele (Lula) sempre afirmou ser vítima de uma conspiração política para impedi-lo de voltar ao poder enquanto era o favorito da eleição presidencial de outubro de 2018, que viu a vitória do candidato de extrema direita Jair Bolsonaro”, diz. “O Comitê dos Direitos Humanos da ONU pediu às autoridades brasileiras que assegurassem os direitos civis e políticos de Lula, principalmente o de ser candidato. Mas ele teve esse direito negado, apesar de chefes de Estado europeus, de parlamentares franceses e de juristas internacionais denunciarem a inconsistência das provas apresentadas pela acusação”, acrescenta o texto.

 

Na sequência, a prefeitura de Paris também citou o jornal The Intercept, que divulgou recentemente conversas vazadas entre o ex-juiz e atual ministro da Justiça Sergio Moro, autor da condenação do ex-presidente, e procuradores da Operação Lava-Jato. O comunicado divulgado afirma que o The Intercept revelou que Moro articulou, com os procuradores da força-tarefa, “uma forma de impedir que Lula se apresentasse na eleição”. “Em julho de 2018, a decisão da Justiça estimando ilegal a prisão do ex-presidente e que solicitou sua liberação imediata foi revogada sob ordens do juiz”, destaca o texto.

O título de Cidadão Honorário é considerado muito importante para a população francesa. Desde que foi criada, em 2001, a menção honrosa foi atribuída apenas 17 vezes para homenagear personalidades presas ou em perigo por causa de suas opiniões políticas. O ex-presidente sul-africano Nelson Mandela, a escritora bengalesa Taslima Nasreen e a advogada iraniana Shirin Ebadi, que conquistou o prêmio Nobel da Paz em 2003, já foram congratulados com o título parisiense.

O ex-presidente brasileiro, aos 73 anos, está preso desde 7 de abril de 2018 na superintendência da Polícia Federal (PF) em Curitiba, acusado de corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex em Guarujá.

Prêmio Jabuti

Ainda nesta quinta-feira (3/10), o ex-presidente Lula também foi anunciado como finalista do Prêmio Jabuti 2019, o mais tradicional prêmio literário do Brasil concedido pela Câmara Brasileira do Livro. Ele concorre ao Prêmio na categoria Inovação – Livro Brasileiro Publicado no Exterior pelo livro A verdade vencerá: o povo sabe por que me condenam, das editoras Boitempo e El Viejo Topo. Com a indicação, o petista se junta a Fernando Henrique Cardoso entre os ex-presidentes indicados ao prêmio. Porém, se vencer, ele será o primeiro ex-presidente brasileiro a levar a premiação.
No livro, lançado em março de 2018, pouco antes do TRF-4 expedir o mandato de prisão a Lula, o ex-presidente concede uma longa entrevista, de mais de 100 páginas, à editora da Boitempo, Ivana Jinkins, e aos jornalistas Gilberto Maringoni, Maria Ines Nassif e Juca Kfouri. A publicação ainda conta com textos de Luis Fernando Veríssimo, Luis Felipe Miguel, Eric Nepomuceno, Rafael Valim e Camilo Vannuchi.
O livro de Lula concorre ao lado de obras como Brasil: Uma biografia, de Lilia Schwarcz e Heloisa Murgel Starling; e A resistência, de Julián Fuks; Gente de cor, cor de gente, de Mauricio Negro; Meia-noite e vinte, de Daniel Galera; Meu Pé de Laranja Lima, de José Mauro de Vasconcelos; Simpatia pelo demônio, de Bernardo Carvalho; e Terapia financeira: realize seus sonhos com educação financeira, de Reinaldo Domingos.

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