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Racismo: querem me embranquecer! Não sou moreno claro, não sou mais clarinho. Sou negro!

Aqui no Brasil há uma pesquisa sobre como o colorismo atua entre irmãos gêmeos de tons de pele diferentes, com efeitos nefastos na educação para o irmão de pele mais escura, em virtude de como enfrenta as instituições na perspectiva do racismo..

Sempre ouvi isso, sempre me disseram: você não é preto, você é moreno claro. Isso nunca me soou bem aos ouvidos, nunca gostei de que  dessa forma falassem. Sou preto, sempre assumi minha cor. Essas atitudes de colorir o País sempre existiu e, já não cabe nos dias atuais.

O racismo se agiganta quando transferimos a guerra para dentro do nosso terreiro. Renuncio hoje ao papel de coitadismo, e de me chamarem de moreno claro, por que tenho pele mais clara. Sou negro! Renuncio o papel de dizer que não posso, por que eu posso muito, não sou diferente de qualquer ser humano.Renuncio porque quero que este episódio de George Floyd nos EUA sirva para nos unir em torno de uma mesa, cara a cara, para pensarmos juntos espaços de representatividade para todos nós. Renuncio porque quero que outros negros de pele escura ou de pele clara, feito eu, também tenham o direito de serem respeitados como negros

Esse fato abriu espaço para um debate importantíssimo do chamado colorismo no Brasil. O termo foi criado por Alice Walker, em 1983, no livro “In Search of Mothes’ Garden: Womanist Prose”, no qual ela define como o “tratamento prejudicial ou preferencial de pessoas da mesma raça, baseado tão somente na cor da sua pele”. A ideia é de que quanto mais clara for a pele da pessoa, melhor ela será tratada na sociedade.

Aqui no Brasil há uma pesquisa sobre como o colorismo atua entre irmãos gêmeos de tons de pele diferentes, com efeitos nefastos na educação para o irmão de pele mais escura, em virtude de como enfrenta as instituições na perspectiva do racismo..

Na história brasileira houve comprovadamente um processo de branqueamento de nossa população perpetrado pelo Estado incentivando a vinda de imigrantes europeus, ao mesmo tempo em que implantava uma política separatista dos ex-escravos, no começo da república. Nos dias atuais, o panorama segue inalterado, guardadas as devidas proporções e uma prova recente é o caso da Globeleza Nayara Justino, demitida depois de eleita por ser muito negra. Portanto, sempre foi e continua sendo “quanto mais branco melhor”.

Por isso é importantíssimo reforçar que a ideia da diferenciação pelo tom de pele surgiu para denunciar falsas inserções, e nunca para excluir aquela pessoa que também tem a ascendência africana e lida com as mesmas dificuldades que nós. Um provérbio africano ensina que o separatismo não é o caminho ideal dizendo que “se quiser ir rápido, vá sozinho, mas  se quiser ir longe, vá junto”.

Devemos seguir na contramão do ódio e da raiva e acolher todos que ajudam no combate à discriminação. E sempre escolher o amor ao invés do rancor.

Sempre ouvi isso, sempre me disseram: você não é preto, você é moreno claro. Isso nunca me soou bem aos ouvidos, nunca gostei de que  dessa forma falassem. Sou preto, sempre assumi minha cor. Essas atitudes de colorir o País sempre existiu e, já não cabe nos dias atuais.

por Cauby Fernandes

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