Justiça

Cervejaria Itaipava que patrocinou o São joão de Petrolina, faz parte do Império de Figueroa, preso pela Polícia Civil

Nossa investigação revelou detalhes sobre suas conexões e atividades ilícitas que em pouco mais de 25 anos deram ao empresário um patrimônio de mais de R$ 300 milhões.

Por Ricardo Antunes – O empresário Sebastião Figueirôa, preso recentemente por chefiar uma quadrilha que desviou mais de R$ 100 milhões do Detran de Pernambuco, estava envolvido em uma rede complexa de atividades ilegais, incluindo factoring, empresas fantasmas e ligações com empresários de eventos de maior importância no estado. Ele chegou até ser sócio do Armazém 14 vinculado a cervejaria Itaipava, um das maiores do país.

Nossa investigação revelou detalhes sobre suas conexões e atividades ilícitas que em pouco mais de 25 anos deram ao empresário um patrimônio de mais de R$ 300 milhões.

Sociedade com a Cervejaria Itaipava no Armazém 14

Descobrimos que Figueirôa foi sócio do Armazém 14, localizado no Recife antigo, em parceria com a renomada Cervejaria Itaipava. Essa sociedade com uma das maiores cervejarias do estado levanta questões sobre a extensão de suas conexões no setor de eventos.

Durante a coletiva realizada pelo Ministério Público, os promotores afirmaram que diversas operações suspeitas tinham as digitais do empresário que é muito provável que ela tenha sido utilizada para lavagem de dinheiro.

O Itaipava Armazém 14 durante sua inauguração em 2019.

Ligações com o Setor de Evento

Além de sua associação com a Cervejaria Itaipava, a filha de Figueirôa, Suellen Figueirôa, também aparece como sócia de uma empresa de eventos. Isso levanta a suspeita de que Figueirôa e sua família estivessem envolvidos em atividades ilegais que abrangem o setor de eventos de grande importância no estado de Pernambuco.

Seu irmão, Davidson Figueirôa, tinha aberto recentemente uma empresa de eventos chamada de Siga & Canaã. A suspeita é de que ela também foi utilizada na lavagem de dinheiro do grupo.

Operação “Brucia la Terra”

A operação “Brucia la Terra”, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (GAECO) com o apoio da Polícia Civil de Pernambuco, resultou na prisão de Figueirôa, juntamente com outras figuras de destaque, como o ex-presidente do Detran-PE, Charles Ribeiro. Ribeiro chegou a ser detido, mas foi liberado após pegar fiança.

A organização criminosa, chefiada pelo empresário, é suspeita de ter desviado mais de R$ 96 milhões entre março de 2016 e maio de 2020, durante a administração do ex-governador Paulo Câmara (PSB).

Os crimes sob investigação incluem organização criminosa, corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e fraude à licitação.

Um grande contingente composto por 16 Promotores de Justiça, Delegados da Polícia Civil e servidores do MPPE e agentes da PC está trabalhando na execução de mandados de prisão e busca e apreensão.

Sebastião foi preso por desvio milionário no Detran de Pernambuco e estava envolvido em rede ilegal complexa.

Fraudes Milionárias

As fraudes envolveram processos licitatórios complexos que resultaram em sobrepreços astronômicos, chegando a atingir incríveis 2.425% em alguns itens licitados. Foram sequestrados mais de R$ 64 milhões através do SISBAJUD (Sistema de Busca de Ativos do Poder Judiciário), bloqueados 29 imóveis, apreendidos 28 veículos, e proibidas 30 pessoas físicas e jurídicas de efetuar contratos com o Poder Público.

Quatro pessoas foram afastadas de seus cargos públicos, enquanto cinco foram proibidos de deixar o país.

Foragidos

Além da prisão de Sebastião Figueirôa, a operação tenta cumprir mais duas ordens de prisão preventiva contra seus filhos, Deyvson Figueiroa e Suellen Figueiroa, suspeitos de operar em diversas empresas fantasmas ligadas ao pai.

Os filhos estão foragidos após receberem informações privilegiadas sobre a ação da Polícia Civil e do GAECO. Os agentes, porém, tiveram o cuidado de grampearem vários telefones e outra operação deve ser feita até o final desde mês.

Nossa equipe continuará acompanhando os desdobramentos dessa operação, trazendo mais informações com as nossas fontes e as ligações que estamos fazendo. É isso.

Por Ricardo Antunes 

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