Economia
Quanto custa criar um filho até os seus 18 anos?
Estudo mostra que o valor varia conforme o padrão de vida e a cidade de cada família - e pode passar de R$ 1 milhão na classe A
A chegada de um filho muda simplesmente tudo na vida de um casal: as prioridades, os hábitos, os horários e, claro… as finanças da casa. Como todo pai e mãe sabem, as despesas com a criança começam bem antes do parto e acabam absorvendo uma parte importante do orçamento familiar por muitos anos.
O impacto financeiro é, inclusive, um dos fatores levados em conta por muitas famílias no debate sobre ter ou não uma criança. Das fraldas ao enxoval, das despesas médicas aos custos com alimentação e educação, a lista de gastos é tão ampla que fica até difícil entender qual o tamanho das contas que vêm pela frente.
Pois, afinal, quanto custa concretamente ter um filho e criá-lo pelo menos até os 18 anos, quando ele entra na maioridade e geralmente já começa a gerar sua própria renda?
A pedido do Bora Investir, a fintech Plano, de educação financeira, realizou um estudo pensado para responder essa pergunta. Os resultados ajudam famílias de diferentes padrões de vida a estimarem os custos futuros e a se planejarem para ter as finanças sempre sob controle.
Gastos variam conforme padrão de vida
A pesquisa mostra que, em cidades com mais de 3 milhões de habitantes, uma família pertencente à Classe A (renda doméstica superior a R$ 22 mil) desembolsa de R$ 987 mil a R$ 1,2 milhão em valores atuais para ter e criar o filho ao longo de quase duas décadas. Entre os principais gastos, estão a educação (especialmente para alta renda), atividades extracurriculares, alimentação e saúde.
Os números têm uma assertividade estimada pela equipe responsável de 93%. Isso significa que nove em cada dez famílias devem se enquadrar nos intervalos de gastos identificados.
Considerando as classes B e C, o custo costuma ser um pouco menor. O estudo indica que, para famílias com renda mensal entre R$ 7,1 mil e R$ 22 mil, os gastos vão de R$ 717 mil a R$ 887 mil; já para quem tem renda mensal de R$ 2,9 mil a R$ 7,1 mil, o total fica entre RS 281 mil e R$ 343 mil.
Embora sejam valores expressivos, é preciso ponderar que os gastos são diluídos ao longo de um período bastante extenso. Nos 18 anos de vida da criança, o R$ 1,2 milhão que chega a ser desembolsado por famílias da faixa de renda superior, por exemplo, representa uma média de R$ 5,7 mil por mês – compatível, portanto, com a receita mensal de mais de R$ 22 mil deste público.
O impacto do custo de vida local
De acordo com os dados, não é só o padrão de vida que altera o custo final: o perfil da cidade em que a família mora acaba tendo papel decisivo. Nas três faixas de renda, o desembolso total cai quando o recorte geográfico é alterado para municípios com menos de 3 milhões de habitantes. Na classe A, a redução da mediana dos gastos levantados é de 18%; na classe B, de 15%; e, na classe C, de 43%.
O sócio fundador da Plano, Ricardo Hiraki, explica que os números refletem prioritariamente a realidade de famílias que têm um único filho. E faz um alerta: quando aumenta o número de crianças, o crescimento dos gastos não é exatamente proporcional. “Existe uma redução gradativa, os pais vão adaptando orçamento de acordo com o número de filhos”, diz.
Como se preparar financeiramente?
Embora o valor total de criar um filho seja expressivo, uma boa gestão do dinheiro pode suavizar o desafio. A educadora financeira Natália Cunha, da Plano, dá sete dicas que podem contribuir com as famílias:
1.“Conheça seu orçamento”: Identifique as receitas e despesas atuais, corte custos desnecessários o quanto antes e projete como será o novo fluxo, especialmente na gestação e no primeiro ano de vida.
2. “Forme uma reserva de emergência”: Acumule um valor capaz de pagar as despesas da casa por pelo menos um ano antes de entrar na nova vida. Para alcançar um bom rendimento, sem perder a disponibilidade dos recursos, Natália recomenda investir em produtos como Tesouro Selic; CDBs que rendam pelo menos 100% do CDI e tenham liquidez diária; e fundos DI sem taxa de administração.
3. “Evite desperdícios”: Converse com outras mães e pais para não cair em armadilhas. Comprar fraldas demais antes da hora, por exemplo, é perigoso: o bebê pode não se adaptar a uma determinada marca e o investimento ser perdido. Outro risco clássico é exagerar nas roupinhas para os primeiros meses de vida. As crianças crescem muito rápido e algumas peças podem nem ser utilizadas.
4. “Use a rede de apoio”: Familiares, amigos e grupos comunitários são grandes aliados na maternidade. Considere fazer um chá de bebê para reduzir os custos iniciais. Além disso, aproveite oportunidades para comprar, trocar e receber itens usados por outras crianças.
5. “Comece a educação financeira da criança”: Envolva gradualmente seu filho nas finanças da casa. Convide-o, por exemplo, a ajudar a fazer a lista de supermercado e leve-o às compras com você.
6. “Pesquise atividades gratuitas”: Não é preciso investir em atrações caras para garantir a diversão das crianças. Em muitas cidades, existe uma ampla oferta de espaços que oferecem bom entretenimento e atrações culturais de graça. É o caso de parques, praças e organizações privadas, como o Sesc. Aproveite e visite canais de Youtube que recomendam atividades para educar e entreter as crianças em casa, sem custos.
7. Prepare-se para o longo prazo”: Muitos pais buscam fazer uma carteira de investimentos para bancar a faculdade ou um intercâmbio do filho. Neste caso, a sugestão é formar uma carteira capaz de vencer a inflação, sem colocar o patrimônio em risco. Natália sugere investir em produtos como o Tesouro IPCA+, e diversificar em fundos de investimento versáteis, como os multimercados.
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