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Temer nas mãos e na boca de Eduardo Cunha

Se tem um nome que faz o governo de Temer tremer na base, esse nome é Eduardo Cunha . Foi ele quem bancou as campanhas de mais de 100
deputados e que tem como aliado o interino Michel Temer que sabe  tudo sobre  os acordos por ele firmados.
Essa é sem dúvidas, a razão que amedronta e  ronda
o governo provisório de Temer. Caso Cunha decida  abrir a sua boca em delação premiada em busca
de uma pena mais leve  para sua esposa Cláudia Cruz e  sua filha Danielle Dytz e para ele mesmo, Temer estaria
perdido. Isso foi afirmado pelo colunista Ricardo Noblat, do Globo.
Confira abaixo:
Um
governo refém do medo
 
Ricardo
Noblat
Quem tem medo de Eduardo Cunha,
a ser cassado em breve por falta de decoro? O governo de Michel Temer tem. E da
Justiça Eleitoral? Também. E da Lava-Jato? Ele, mas não só.
E medo de que o impeachment da
presidente afastada Dilma Rousseff acabe derrotado no Senado? O governo tem um
pouco, afinal nunca se sabe o que poderá acontecer até lá. Definitivamente,
este não é um governo para cardíacos.
Por medo de que Cunha diga o
que não deve caso se julgue abandonado, o governo acionou sua base de apoio na
Câmara dos Deputados e o julgamento dele ficou para meados de setembro próximo,
depois do julgamento de Dilma pelo Senado.
Se é que Cunha será mesmo
julgado em setembro. Pois de repente, adia-se o julgamento a qualquer pretexto
ou a nenhum. Quem sabe não é transferido para início de 2017?
Cunha acumula segredos que
poderão pôr o governo a pique, além de provocar um terremoto na Câmara. Ali,
mais de uma centena de deputados deve favores milionários a ele. Alguns devem a
própria eleição.
Temer conhece parte desses segredos.
E, por isso, receia os estragos que sua revelação causaria. Dificilmente cairá
se Cunha abrir o bico. Mas em torno dele, muitos cairão ao primeiro sopro. O
desgaste será grande.
O pior de tudo é que a manobra
para salvar Cunha da cassação não garante seu silêncio. Mesmo os que advogam a
causa do ex-presidente da Câmara, o maior algoz de Dilma, admitem que ele não
escapará do vendaval da Lava-Jato.
Há farto material recolhido
capaz de condená-lo a muitos anos de cadeia. E há muita disposição da Justiça
em Curitiba e em Brasília para punir Cunha exemplarmente.
O que lhe restaria? Uma saída
de cena à moda de Getúlio Vargas, mas ele não tem o perfil para tal. Ou a
delação, como tantos fizeram até aqui.
Ao se dispor a contar o que
sabe, ou parte do que sabe sobre a corrupção na política, Cunha poderá negociar
uma pena mais branda. E talvez uma prisão no conforto do seu apartamento no
Rio. De resto, livraria a mulher e a filha de serem condenadas. Ele está
pensando a respeito.
Por medo da Justiça Eleitoral,
o governo pensa no que fazer para evitar que ela julgue tão cedo as ações que
pedem a cassação da chapa Dilma/Temer, acusada de um monte de irregularidades –
entre eles, o uso de dinheiro de caixa dois.
De Lula ao mais desconhecido
dos vereadores, os políticos tentam vender a ideia de que caixa dois é uma
infração corriqueira e insignificante, sequer deve ser tratada como crime.
Corriqueira, é sim. Mas também
é crime. E não é insignificante. Caixa dois é dinheiro tirado da contabilidade
paralela de empresas para financiar campanhas. Sua origem é ilegal, portanto.
É dinheiro que políticos
recebem clandestinamente e não declaram à Justiça. Aqueles contemplados com tal
ajuda largam com vantagem na frente daqueles que não a têm. Ao fim e ao cabo,
subverte-se a vontade popular.
O governo apostava no
desdobramento das ações ajuizadas contra a chapa Dilma/Temer, de modo a que
apenas Dilma fosse punida, Temer não. Mas já sabe que isso será impossível.
Para complicar ainda mais,
novos fatos apurados pela Lava-Jato deverão fortalecer as ações ou dar ensejo a
outras. Processo contra um presidente da República fica suspenso até o fim do
seu mandato. O prejuízo político, não. Estende-se no tempo.
Por medo de delações que a
Lava-Jato ainda colhe, o governo…. Bem, o governo não pode fazer grande coisa
em relação a isso. Só pode sentir medo.

Por Cauby Fernandes

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