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Engenheiro Valdemar Borges lança video sobre as condições do Rio Salitre

Essa situação tem levado à organização política das comunidades atingidas em torno de associações que lutam por melhorias na distribuição dos recursos hídricos e por políticas públicas que permitam o desenvolvimento das regiões afetadas pelo desperdício de água realizado pelas empresas situadas no alto Salitre. Em épocas de seca extrema, muitas famílias dessas comunidades têm recorrido à destruição da rede elétrica como forma de parar o bombeamento realizado rio acima, e permitir que parte da água chegue às suas terras ou plantações, o que gera um contínuo clima de discórdia e violência na região.

O engenheiro Valdemar Borges, preocupado com a bacia do rio Salitre, no centro-oeste baiano, lançou nesta semana um video nas redes sociais onde explica a necessidade do Plangis (Plano de Gerenciamento Integrado do Salitre). Ele explica que, o rio Salitre possui uma extensa história de conflitos socioambientais decorrentes das desigualdades econômicas, políticas e de acesso à terra e aos recursos hídricos, devido às suas características climáticas e de solo, a água é um recursos escasso na região, sendo necessária sua transposição para as áreas de cultivo mediante projetos de irrigação.

Entretanto, desde meados da década de 1970, estes recursos têm sido monopolizados por irrigantes do alto Salitre, com consequências negativas para os pequenos e médios produtores do baixo e médio Salitre. Os rios da bacia, que outrora eram permanentes, estão cada vez mais esgotados por técnicas inadequadas, tornando as terras – abaixo das barragens construídas com esse propósito – cada vez mais áridas, e fazendo com que muitas comunidades fiquem impedidas de plantar ou ainda tenham que recorrer a carros-pipa para o abastecimento humano.

Essa situação tem levado à organização política das comunidades atingidas em torno de associações que lutam por melhorias na distribuição dos recursos hídricos e por políticas públicas que permitam o desenvolvimento das regiões afetadas pelo desperdício de água realizado pelas empresas situadas no alto Salitre. Em épocas de seca extrema, muitas famílias dessas comunidades têm recorrido à destruição da rede elétrica como forma de parar o bombeamento realizado rio acima, e permitir que parte da água chegue às suas terras ou plantações, o que gera um contínuo clima de discórdia e violência na região.

Diante desse quadro, os órgãos do Estado que permaneceram omissos por um longo tempo, quando não favoreciam a manutenção das coisas como são com projetos que privilegiavam os grandes irrigantes têm proposto medidas para contenção dos conflitos e redistribuição destes recursos. Muitas reuniões já foram realizadas com esse propósito; inclusive, algumas promovidas pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Salitre (CBHS), sem que, entretanto, algo de efetivo fosse realizado. O INGA iniciou o recadastramento dos usuários da bacia e tem proposto a realização de acordos com os grandes irrigantes. Entretanto, as comunidades atingidas ainda não viram os benefícios dessa política.

Paralelamente, o Governo Federal tem incentivado e financiado grandes projetos de irrigação na bacia, como o Projeto Salitre, realizado pela CODEVASF, intensificando ainda mais os conflitos, já que muitos lotes do projeto foram reservados a pequenos e médios produtores rurais, mas os salitreiros tradicionais foram excluídos do edital. Isso significa que, enquanto 250 novas famílias serão assentadas no local e contarão com incentivos e recursos para a agricultura familiar e para a instalação de kits de irrigação, e também médias e grandes empresas contarão com recursos federais, membros de comunidades tradicionais da bacia permanecerão diante de uma situação de escassez e limitações.

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