Bolsonaro brinca de evangélico e já se batizou diversas vezes. Brincar com Deus só para ganhar votos, pode?

O batismo nas águas para os cristãos evangélicos  simboliza a morte e ressurreição espiritual do homem baseada na obra da cruz, e é um testemunho público da fé daquele que abraçou essa nova vida. É algo grandioso para quem se converte, sendo o segundo passo, logo após o “aceitar” Jesus como salvador.

Os evangélicos levam muito a sério esse rito que deve ser realizado apenas uma vez na vida. Existe uma lista de coisas únicas em Efésios 4:3-6, e que  envolve fatos doutrinários revelados por Deus ao homem. A unidade dos crentes focaliza a unidade doutrinária – todos devem crer no mesmo Deus e aceitar a mesma fé, o mesmo batismo, etc. Deus revelou uma só fé (Judas 3), e Ele autorizou um só batismo. O único batismo válido hoje em dia é aquele autorizado por Deus para lavar os  pecados e colocar o crente em comunhão com Jesus, o Salvador que morreu e ressuscitou para  oferecer a vida (Mateus 28:19-20; Marcos 16:16; Atos 2:38; Gálatas 3:27).

Falando em batismo e com a religião evangélica ter em muito se misturado com a política atual,estamos vendo um verdadeiro circo criado por pastores que querem ficar perto dos poderosos deste País. Diversos senadores, deputados, prefeitos e vereadores se “convertendo” e se batizando, é que mais se vê nesses últimos dias.

Só que esse rito tem sido deturpado e usado como meio de se ganhar votos no meio evangélico. O presidente Bolsonaro por exemplo, já foi batizado diversas vezes. Só pelo bispo Edir Macedo da igreja Universal do Reino de Deus, foram três vezes que isso aconteceu.

Outro batismo de Bolsonaro, foi realizado em Israel pelo Pastor Everaldo que foi preso pela Polícia Federal, em operação que culminou no afastamento de Wilson Witzel (PSC) do cargo de governador do Rio de Janeiro, o presidente nacional do PSC, Pastor Everaldo, foi o responsável por batizar Jair Bolsonaro (PL) nas águas do Rio Jordão, em Israel, em 2016.

Uma verdadeira brincadeira com um rito sagrado que faz com que pensemos…Para quê agir dessa forma em detrimento apenas de ganhar o voto do eleitor evangélico?“Qual a religião de Jair Bolsonaro?”. Esta é uma das perguntas mais feitas ao Google com o nome do presidente. A dúvida na cabeça do brasileiro não é à toa. Bolsonaro de fato não é claro na comunicação sobre qual é sua religião. Beneficia-se dessa dúvida há anos, fazendo o eleitorado evangélico acreditar que tem no presidente um fiel como ele. E seu comportamento de fato leva à conclusão errada.

Em 2011, em entrevista à revista Veja, Bolsonaro discorreu sobre sua visão da separação entre Igreja e Estado e contou que, embora católico, frequentou uma igreja evangélica. “O Estado é laico, mas seu povo, não. A religião é fato de união dos povos e não pode ser dissociada da família, dos bons costumes e da moralidade. Acredito em Deus, essa é a minha religião. Sou um católico que, por 10 anos, frequentou a Igreja Batista.”

Essa visão torta sobre a laicidade do Estado fundamentou a indicação do “terrivelmente evangélico” André Mendonça ao STF, promessa que Bolsonaro fez espontaneamente, sem que lhe fosse pedido, e que fez pastores que pensam da mesma maneira se empenharem tanto para a marcação da sabatina e a posterior aprovação. Daí a falta de pudor de Mendonça em abertamente se credenciar como um evangélico no Supremo, quase admitindo que chegou lá não por seu currículo, mas por sua religião — e uma extensa lista de servicinhos prestados a Bolsonaro quando ministro da Justiça e advogado-geral da União.

Brincar com Deus é pecado e, o preço pode custar muito caro, pois o que o homem semear isso também colherá – Gálatas 6:7.Brincar com Deus é coisa séria. Para os cristãos, brincar ou zombar de Deus significa – negar a sua existência ou, quando não conhece a sua palavra.

Por Cauby Fernandes